"Nossa atuação é preventiva", afirma comandante da BM sobre bondes em Caxias

Pelo menos três casos de ataques de bondes na última semana colocaram as autoridades de Caxias do Sul novamente em alerta. A ação dos bondes não é novidade: em 2013, após um jovem de 22 anos ter sido morto espancado e esfaqueado no centro de Caxias, uma força-tarefa da polícia e da prefeitura em dias de passe livre do transporte coletivo urbano conseguiu conter as ações. Este ano, porém, identificar os grupos está mais difícil, já que a atuação das turmas ocorreram em horários e pontos diferentes da cidade. Na madrugada de sábado, um casal enfrentou um grupo de 15 pessoas na saída de uma festa no bairro De Lazzer para defender o filho. Dois dias antes, três meninas foram agredidas no final da tarde no Centro. No final de maio, uma briga de turmas rivais foi registrada no Villagio Iguatemi. Para o comandante da Brigada Militar, Ronaldo Buss, a atuação dos grupos foi isolada e difere entre si.

- Nossa atuação é preventiva, inibir o delito, fazer abordagens. Estamos estudando esse fenômeno para entender quem são esses jovens, de onde eles são e qual a motivação deles. São grupos que se reúnem para badernas ou para assaltos? No caso do De Lazzer, parace que a motivação era o assalto. Já no Centro, houve uma agressão de um grupo que parecia querer baderna - explica.

Na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Caxias, cinco casos envolvendo roubos e agressões protagonizados por turmas de adolescentes entre 13 e 16 anos são investigados. Em um deles, um menino foi esfaqueado no abdômen. As vítimas dos cinco casos serão ouvidas para se identificar os autores. Sabe-se que algumas das ocorrências envolvem rivalidades entre grupos de jovens e que reuniões são marcadas pelas redes sociais, o que facilita o reconhecimento dos menores. 

-  Hoje, durante as brigas ou badernas, eles roubam celulares e bonés, o que tem a vista. Tomam o que as vítimas têm na mão, pela facilidade, não a carteira, por exemplo. O que não podemos é deixar que o roubo acabe sendo a finalidade dessas reuniões de jovens.
 
OS CASOS
 
:: 31 de maio - Integrantes de um bonde brigaram a socos e pontapés no loteamento Villagio Iguatemi
 
:: 4 de junho - Três adolescentes são assaltadas e agredidas por um bonde na Rua Os Dezoito do Forte, perto da Praça da Bandeira, por volta das 18h. De acordo com o registro de ocorrência, o grupo que as atacou era formado por 15 jovens, que pegaram o celular de uma delas e saíram correndo. À reportagem, uma das vítimas contou que foi agredida com um soco na cabeça e levou uma batida nas costas com um skate. Uma menina do grupo teria ordenado para "que não invadisse o território dela".
 
:: 6 de junho - Um casal enfrentou integrantes de um bonde para salvar filhos e amigos de um arrastão às 5h de sábado, na saída de uma casa noturna do bairro De Lazzer. Segundo o casal, a briga envolvia uma turma de 15 pessoas com pedaços de pau e pedras. Quando os pais se afastaram, o filho e os amigos foram agredidos. O menino, de 16 anos, teve o relógio e a jaqueta roubados.  Uma garota foi derrubada no chão e bateu a cabeça no meio-fio, perdendo a consciência. Um outro adolescente teve o boné roubado e a camisa rasgada. O bonde embarcou em carros diferentes e fugiu. Segundo as vítimas, o bonde teria chegado na boate pouco depois das 3h. Dentro da casa noturna, o grupo provocou outros jovens e promoveu pequenos tumultos.