Inspirado pelo filho Tiago Pereira, 28 anos, que se dedicava às competições de extrema exigência física, Jorge Pereira, 58, se mostra incansável na busca da responsabilização pela morte do rapaz, ocorrida há pouco mais de um ano em Brasília.
O homem que mora em Caxias do Sul mergulhou na investigação da polícia e apontou supostas brechas do inquérito à promotora do Ministério Público do Distrito Federal, Anna Brâncio. A provocação de Pereira e do advogado da família, Mauro Roza, resultou na reabertura da investigação policial a pedido do MP.
No dia 6 de abril do ano passado, Tiago sofreu uma descarga elétrica após concluir uma prova da modalidade de triatlo no Ironman 70.3, organizado pela Latin Sports, em Brasília. O acidente aconteceu no momento em que ele tocou uma estrutura de metal no estande da Kona Bikes.
Cinco pessoas envolvidas na organização e na prestação de serviços da competição foram indiciadas, resultado não satisfatório para a família do esportista.
- Questiono é o não indiciamento do diretor da prova, que sabia de pessoas que levaram choques e poderia ter cancelado o evento, e também da falta de uma perícia na ambulância que prestou o primeiro socorro ao meu filho - diz o pai de Tiago.
Na investigação, por exemplo, uma testemunha teria relatado a inexistência de rádio comunicador entre os socorristas, o que pode ter contribuído na demora do atendimento pós-acidente. Pereira indaga por que os responsáveis do estande onde Tiago morreu não foram incluídos no relatório final do inquérito.
- A responsabilidade é compartilhada em casos assim - reforça.
O pai do atleta promete cobrar as autoridades até um desfecho:
- Temos que lutar, com todo o sofrimento, mas lutar.
QUESTIONAMENTOS DO MP
A partir de provocações do pai do atleta Tiago Pereira e do advogado da família, o Ministério Público do Distrito Federal solicitou novas investigações. Confira as solicitações listadas pela promotoria:
- Se o proprietário da Kona Bikes e funcionários que estavam no estande da empresa durante o Ironman 70.3, em abril de 2014, receberam informações sobre choques elétricos e reportaram os problemas aos responsáveis pelo evento ou adotaram providências para impedir acidentes.
- Quais os pontos obrigatórios anotados na vistoria realizada pelos Bombeiros e Defesa Civil do Distrito Federal para liberar a realização do Ironman em Brasília, e se essa fiscalização incluiu o risco de eletrocussão.
- Versão dos responsáveis pelos laudos de liberação do evento.
- Cópia integral do prontuário médico de Tiago Pereira durante o atendimento no Hospital Base de Brasília e identificação dos profissionais que prestaram o socorro na instituição.