Está cada vez com menos argumentos quem ainda achava desnecessário construir cadeias, aparelhar polícias, valorizar os policiais, endurecer e aplicar as leis e criar políticas de segurança pública eficientes, duradouras e que conversem com os demais quadrados em que vivemos (educação, especialmente). Ah, também se esvazia o argumento de que nós, cidadãos, não somos afetados por ataques a bancos. Banco, diz o senso comum, é uma caixa abarrotada de dinheiro que não sofre qualquer arranhão quando é atacado.
Estamos vendo que não é bem assim.
Óbvio, o dinheiro levado dos bancos é o motor do crime organizado, com o tráfico à frente e mil consequências a reboque.
Talvez estejamos vendo tardiamente o outro lado desses ataques que pareciam não ter nada a ver conosco.
Tivéssemos visto antes, talvez pudéssemos ter cobrado providências, olhado com lupa os programas dos candidatos nas eleições de 30 anos para cá.
Agora que a venda que nos tapava os olhos caiu, estamos vendo o horror. As coisas ainda vão piorar, anotem.
Os 117 ataques a banco contabilizados até esta sexta no RS somente neste ano são a resposta do crime à bancarrota da segurança pública.
A bandidagem está em festa com o resultado da ineficiência dos governos durante décadas a fio. Não há outra explicação para a quebradeira do RS que não seja a incompetência, a falta de comprometimento dos grupos político partidários com a população.
Como alguém explica que não haja PMs em Ana Rech?
Ana Rech tem porte de cidade, e igual às cidades gaúchas, Ana Rech está abandonada. O abandono, contudo, não é exclusividade de Ana Rech. Desafio qualquer canto gaúcho a admitir, com todas as letras, viver em segurança.
O governo Sartori está equivocado ao cortar recursos da segurança pública. Não pretendo resvalar no óbvio e recordar (de novo) da máquina inchada, dos altos salários públicos, das inexplicáveis benesses concedidas a uma minoria. Tampouco arrisco sugerir onde o governo deve cortar recursos para administrar o caos criado pelo próprio governo, mas certamente não é na área da segurança.
A merreca que o governo Sartori pretende poupar passando a tesoura no orçamento da segurança não alterará em nada a situação financeira que sucessivos governos só fizeram piorar. Mas o dinheiro não repassado fará falta para a segurança.
O governo Sartori não pode piorar ainda mais as coisas para os gaúchos.
O desafio do governo é imenso, e o preço que pagaremos será alto.
Mas talvez tenhamos mesmo de passar um período mergulhados nas trevas que se anunciam para lá adiante emergirmos mais maduros, especialmente mais maduros politicamente.
Oremos.
Opinião
Gilberto Blume: talvez tenhamos mesmo de mergulhar nas trevas para emergir politicamente mais maduros
A bandidagem está em festa com o resultado da ineficiência dos governos durante décadas a fio
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