Quando o descritério se torna a principal característica do negócio, entramos inseguros, circulamos confusos e saimos desolados, às vezes com raiva.
Explico.
Tem um súper que vez em quando frequento. Se compro um mamão ou um cacho de bananas, por exemplo, não ensaco-os ao pesá-los. Peço que a atendente fixe a etiqueta com o preço na própria fruta. Tento parecer consciencioso, explico que procuro usar menos plástico possível, que o planeta, que o lixo em demasia, que.
Às vezes dou sorte.
Outras vezes, dou azar.
Dependendo de quem está na balança, não consigo levar meu mamão sem que a própria atendente ensaque-o, pese-o e cole a etiqueta do preço no saco plástico.
- Moça, eu não quero o saquinho, só o mamão.
- São ordens da gerência. Não podemos liberar qualquer artigo da fruteira sem ensacá-lo.
Já cheguei às raias de não levar a fruta apenas para não levar o saco plástico.
Noutras vezes, a atendente não dá pelota às tais ordens da gerência, cola a etiqueta diretamente no mamão e eu sigo feliz até o caixa - confuso com o descritério, mas perseverante nas minhas crenças...
Num papo um pouco mais demorado junto à balança, descobri por que algumas atendentes são inflexíveis: a gerência teme que eu troque meu mamão etiquetado sem saquinho por um mamão maior, mais pesado, portanto mais caro, e grude nele a etiqueta do mamão que de fato pesei.
Ou seja, a gerência não me vê como um cliente, e sim como um potencial ladrão de frutas.
Preciso urgentemente rever meus próprios critérios em relação aos lugares que frequento.
Opinião
Gilberto Blume: preciso urgentemente rever os critérios a respeito dos estabelecimentos que frequento
A gerência não me vê como um cliente, e sim como um potencial ladrão de frutas.
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