Moradores do bairro Jardim das Hortênsias, que deveriam ser abastecidos pelo Sistema Marrecas, ficaram sem água nesta segunda-feira. A falta de água ocorre no mesmo dia em que o Samae fez manutenção programada no Sistema Faxinal, que abastecia o bairro até setembro. Na comunidade da Rua Renato Masiero, via apresentada como símbolo do início do abastecimento pela mais nova represa de Caxias do Sul, os contadores de água ficaram parados durante todo o dia.
O diretor de Planejamento do Samae, Gerson Panarotto, explica que o Sistema Marrecas está parado há quase 10 dias. O problema seria um vazamento no reservatório de lavagem de filtros cujo conserto já teria sido solicitado à empresa Sanenco, responsável pela construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Morro Alegre. No dia 5 de fevereiro, no entanto, o Pioneiro esteve na estação e apurou que, naquele dia, ninguém trabalhava lá.
Como justificativa para a falta d'água na Rua Renato Masiero, Panarotto diz que o bairro Jardim das Hortênsias e outras comunidades no entorno estariam sendo abastecidas pelo Sistema Faxinal, porque os canos nunca foram desconectados totalmente, como o Samae havia anunciado.
O Sistema Marrecas é a maior obra pública dos últimos anos, e prometia abastecer 8 mil unidades até o fim do ano passado e 250 mil pessoas em até 20 anos. A prefeitura inaugurou o Sistema Marrecas em dezembro de 2012, com a presidente Dilma Rousseff e o então prefeito José Ivo Sartori no comando da cerimônia. Mas só anunciou o início do fornecimento quase dois anos depois, no dia 13 de setembro passado, pouco menos de um mês antes das eleições.
O atual prefeito, Alceu Barbosa Velho (PDT), protagonizou uma cerimônia com foguetório, corte de fita e brinde com a água que disse ser do Marrecas. Antes disso, o Samae havia reagendado a abertura das operações três vezes, em função de problemas técnicos e amparado pelo argumento de que a cidade não sofria com falta d'água.
As críticas à inauguração de uma obra que não tratava nem distribuía água fizeram Sartori recuar: em entrevista no dia 16 de setembro do ano passado, disse que a inauguração havia sido da barragem, e não do Sistema Marrecas.
O prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) disse que voltou de férias nesta segunda-feira e que não recebeu nenhum aviso de interrupção do Sistema Marrecas.
- Quando eu saí de férias (há 15 dias) estava tudo certo, não tenho nenhuma notícia de que não estaria funcionando - disse, afirmando que vai buscar informações com o Samae.
Coincidentemente, o Samae abriu nesta segunda-feira licitação para receber propostas de empresas interessadas em reduzir os vazamentos de água na barragem. A obra é estimada em R$ 2,5 milhões.