* Ivanete Marzzaro (interina)
Não é fácil mudar. Falo da verdadeira mudança, aquela que é difícil de engolir, mas é necessária. Mudar o comportamento não é apenas uma questão de conhecimento ou de habilidade. Se isso fosse verdadeiro, as campanhas sobre como melhorar a sua saúde teriam feito das doenças relacionadas ao comportamento uma coisa do passado. Informações sobre sexo seguro impediriam a gravidez de adolescentes. Infelizmente, muitas pessoas falham em criar mudanças duradouras nos seus comportamentos, e repetem seus fracassos repetidas vezes em suas vidas. Alguma vez você já tentou parar com um hábito? Como o de fumar, por exemplo? Difícil, não?
Confesso que já fui muito resistente a mudanças. Sou daquelas pessoas que prefere o seguro, o certo ao duvidoso, que questiona se vai ou não dar certo. Olhar primeiro para meu umbigo e, depois, perceber se os que me rodeavam precisavam de algo que poderia oferecer. Foi preciso um câncer aparecer na minha vida para que eu mudasse de vez e drasticamente meu comportamento, o modo de ver a vida, a dar valor e importância ao que realmente importa.
Não foi fácil, foi no susto. Em poucas horas descobri que minha vida estava por um fio, que poderia, sim, morrer e que ainda teria muita, muita coisa para fazer. Até então minha rotina era o trabalho, a família e uma dezena de amigos. Percebi que não queria deixar somente esse pequeno legado. Batalhei muito na vida para ser lembrada apenas como uma singela profissional e mãe de família.
A doença revolucionou e bagunçou minha vida. Tinha tantos planos (todos certinhos, com data marcada). Precisei mudar radicalmente a minha agenda. As prioridades passaram a ser outras. Demorei uns 10 dias para me conformar, mas consegui.
Resgatei uma energia dentro de mim que não sabia que existia, passei a valorizar as pessoas com seus defeitos, medos e arrogância. O trabalho ficou mais leve e a minha família mais humana, mais sensível. Me tornei um pessoa muito melhor, com objetivos consistentes. Passei a tomar decisões com mais conhecimento e sabedoria, não apenas no impulso. Aprendi a ter paciência. Aprendi a comer melhor. O dinheiro é necessário, mas não fundamental.
O mundo, as empresas estão mudando e nós precisamos mudar junto. Caso contrário, seremos esquecidos.
Não deixe um câncer ou qualquer doença grave pintar na sua vida para, depois, mudar. Mude hoje, mude agora.
* O colunista Gilberto Blume está em férias.