O slogan "Caia na tentação" e a imagem oficial das soberanas com os seios cobertos por maçãs foram suficientes para provocar a maior polêmica em torno do material de divulgação da Femaçã, que ocorre de 10 a 12 e de 17 a 21 de abril, em Veranópolis.
>> MURAL: O que você achou do cartaz da Femaçã?
A comunidade veranense está dividida: de um lado, aparecem os defensores da ideia, que chamou atenção para a festa; de outro, aqueles que acharam desnecessário um novo apelo para a divulgação do evento.
Veja fotos do making of da produção do cartaz:
A inovação partiu do publicitário Rodrigo Pelliccioli, responsável pela confecção do material de divulgação da festa. Ele decidiu fugir do comum - imperatriz (Vanessa Calioni) e princesas (Bruna Trintinaglia e Juliana Pirocca) com trajes típicos, exibindo a fruta - e optou por cobri-las apenas com maçãs, aproveitando o slogan do evento, também elaborado por ele.
- Foi uma escolha ousada, mas queríamos nos diferenciar, gerar repercussão. O cartaz só será lançado daqui a 15 dias, mas já está dando o que falar - comemora.
Na edição passada, ele já havia tentado emplacar a ideia, mas ela foi descartada pelos organizadores. O presidente da festa anterior, Paulo Maragno, preferiu, na época, apostar no tradicional e, mesmo tendo rejeitado a ideia quando era o responsável pelo evento, mantém-se diplomático em relação ao cartaz de 2015.
- Ele foi bastante discutido, mas serviu para chamar atenção. Eu teria feito duas versões, uma delas mais tradicional. Mas acho que as coisas mudam ao natural - avalia, sem polemizar.
Já o presidente da 1ª Femaçã, Paulo Valduga, é mais objetivo:
- Se fosse presidente, não faria esse cartaz.
Para ele, a festa remete a uma história, às raízes da comunidade. O material publicitário, dessa forma, deveria estar voltado ao resgate do passado, bem como "dar à rainha um lugar de rainha".
- Não deveriam ter arriscado mudanças, ficaria melhor da forma tradicional. Acho que ninguém virá a Veranópolis só por causa de um cartaz - sentencia.
A imperatriz, Vanessa Calioni, discorda, mas está satisfeita com a polêmica. Ela nem considera a imagem sensual:
- É super inovadora e não é vulgar, é artística. Até porque a vulgaridade está na mente das pessoas.
Segundo Vanessa, que atua como enfermeira, a repercussão tem sido mais positiva do que negativa - os comentários na página da Femaçã no Facebook confirmam isso.
A professora aposentada Nildete Terezinha Barni também achou a foto bonita, mas a beleza não a impede de achá-la apelativa. Apesar das soberanas usarem um top durante o ensaio fotográfico, a imagem sugere à professora que as soberanas estão cobertas apenas por frutas.
- Parece que elas estão se oferecendo. Seria mais interessante se as maçãs estivessem em uma cesta - pondera.
Com todo o burburinho causado na cidade, o atual presidente da festa, Leocrides Bataglion, reconhece que a estratégia de marketing deu certo e não acha que a frase "caia na tentação" tenha apelo erótico.
- Tentação é uma palavra muito abrangente, não tem só apelo sexual. A pessoa pode ter tentação por uma roupa nova, um carro novo, etc. - explica.
O fisioterapeuta Rogério Antônio Valduga Filho têm outra impressão. De acordo com ele, a mensagem subliminar do cartaz remete ao vulgar. Ele ficou incomodado com o fato de a imagem da principal festa da cidade ficar "pesada", porque acredita que o evento não tem essa linha, é um encontro familiar.
Por outro lado, o prefeito de Veranópolis, Carlos Alberto Spanhol, comemora o interesse suscitado pela imagem, considerada "muito boa e inovadora".
- É evidente que quando se quebra um paradigma vão aparecer críticas. Mas não tenho dúvidas de que conseguimos o que queríamos - diz.