Apesar de a passarela da BR-116 estar oficialmente aberta desde a tarde desta sexta-feira, não há sinalização clara que avise os pedestres. A única e improvisada é um pedaço de madeira estaqueado no chão, com o dizer "liberado" escrito com caneta. Foi com a má sinalização que o motorista Márcio André Paim, 34, justificou a travessia sob a passarela no Km 146 da rodovia, em Caxias do Sul.
- Isso aí não é sinalização. E como eu vou saber que está mesmo pronta, se ainda tem gente trabalhando? Eu sou vou atravessar (pela passarela) se tiver mais gente atravessando - avisa.
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Na sexta, operários ainda varriam restos de cimento e retocavam o reboco na parede de uma das rampas. Há restos de cascalho e areia nos arredores, além de um andaime de madeira.
Em contrapartida, às 15h, horário anunciado para abertura da travessia, a aposentada Theresa Chies subiu a rampa no sentido Galópolis - Ana Rech para alcançar o outro lado da rodovia e ir à manicure. Há uma semana, a idosa de 78 anos pediu autorização a um mestre de obras e, desde então, não se arriscou mais no leito da BR.
- É um prazer passar por cima dos carros, quando eles é que poderiam estar passando por cima de nós - analisa.
Dona Theresa não se importa em percorrer os 225 metros do trajeto, sendo 33 metros sobre a BR e mais 96 metros em cada uma das rampas de acesso. Como mora quase em frente à passarela, no Km 146, conhece bem o risco. A aposentada não se sente totalmente segura, no entanto. Há mato alto no terreno aos fundos da rampa no sentido Galópolis - Ana Rech.
- Disseram que colocariam uma tela, mas não sei. Alguém pode subir pelos galhos e nos assaltar na rampa - teme.