Maria, 78 anos, procurou a polícia pelo menos quatro vezes para denunciar que sofria ameaças e agressões do neto Alan, 21 anos. A Delegacia da Mulher de Bento invocou a Lei Maria da Penha e solicitou que a Justiça notificasse Alan de que ele não poderia se aproximar da avó. As autoridades tentavam aplicar a chamada medida protetiva para isolar Maria de Alan. Os oficiais de Justiça jamais notificaram Alan, embora a Justiça diga que eles tenham tentado notificá-lo. As ameaças e agressões prosseguiram. O desfecho não poderia ter sido pior. Alan invadiu a casa de Maria, espancou-a até que desfalecesse, roubou R$ 200 e desapareceu. Maria segue internada.
As fotos da idosa agredida que circularam nos últimos dias são impublicáveis. A pergunta é: Até que ponto as autoridades se empenharam de verdade, com determinação para interromper as agressões de Alan contra a avó?
Não é o caso de aqui apontar culpados, pois o verdadeiro culpado de tudo é Alan, mas.
Mas a polícia não poderia ter aliado à frustrada aplicação da medida protetiva uma ação mais eficaz e prática, como pedir a prisão de Alan e, efetivamente, prendê-lo? Mas a idosa não poderia ter sido convencida a sair de casa para receber proteção de verdade? Mas a rede social da prefeitura, da Justiça, o Conselho Municipal do Idoso etc não deveria ter sido acionada para interferir?
O fato é que ninguém, nem os familiares de Maria, assimilaram que a idosa corria risco de vida. Na teoria as leis, os trâmites e tudo o mais são perfeitos. Não raro, porém, as autoridades ficam reféns das cartilhas e deixam de apresentar soluções que de fato fazem a diferença. Sei que falar atrás de um computador é cômodo. Mas também é cômodo justificar a inoperância alegando que tudo o que a lei prevê foi feito.
Depois que o caso Maria repercutiu até não poder mais a polícia encontrou Alan e o prendeu. Essa solução não poderia ter sido adotada antes de Maria ser espancada mais uma vez? O caso Bernardo foi pedra cantada. A rede pública que deveria ajudar o guri sabia do drama doméstico e nada fez. Deu no que deu.Em Bento a pedra estava igualmente cantada.
Opinião
Gilberto Blume: Até que ponto as autoridades se empenharam para interromper as agressões de Alan contra a avó?
Maria, 78 anos, foi espancada pelo neto em Bento Gonçalves
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