Algumas barbaridades cometidas por aí reforçam o temor de que estamos longe, muito longe de alcançar valores básicos que fazem a vida coletiva ser menos árida.
Vocês devem recordar de uma aroeira (aroeira-salsa) da Praça João Pessoa, bem a lado da escadaria que leva ao Colégio São Carlos. Pois. O belíssimo exemplar da aroeirasalsa será só recordação. A árvore morreu. Ou melhor, foi morta.
Aroeira-salsa que teve o tronco roído pelos cavalos da BM até a morte (Foto: Semma/Divulgação)
Quem matou a aroeira?
Os cavalos da Brigada Militar mataram a aroeira. Era morte anunciada. Os PMs do policiamento montado fazem paradouro na Praça João Pessoa.
Enquanto esticam as pernas no solo, os PMs amarram os cavalos às árvores. Cavalos, o universo inteiro sabe, roem troncos. O tronco da aroeira-salsa foi roído pelos dentes dos cavalos. Quando um tronco é roído, os nutrientes que a planta obtêm do solo não chegam mais à copa. Em condições normais, os nutrientes sobem pela seiva a partir da casca. Sem casca, a árvore morre à mingua porque a seiva não circula.
É lei da natureza, coisa que a BM deveria saber e respeitar, visto que possui a divisão ambiental, a Patram.
Além de matar a aroeira-salsa, os cavalos da BM pisotearam o solo da área (agora cercada para construir novos banheiros). O cercamento da aroeira-salsa morta levou os PMs a amarrar os cavalos em outra árvore. Agora os cavalos roem um ligustro. O chão está pisoteado. A sentença do ligustro foi emitida, logo morrerá.
Tronco do exemplar de ligustro que começou a ser roído pelos animais (Foto: Semma/ Divulgação)
Nesta segunda-feira a Secretaria Municipal do Meio Ambiente entregou ao comando da BM documento solicitando que os PMs parem de amarrar cavalos nas árvores da Praça João Pessoa. O documento também pergunta, respeitosamente, o que a prefeitura pode fazer para que os cavalos permaneçam na praça sem que sejam amarrados a árvores. O documento enviado à BM está ricamente ilustrado com fotos dos cavalos, da aroeira-salsa viva, da aroeira-salsa morta, dos troncos, do ligustro recém-roído, do gramado pisoteado pelos cascos.
Apesar da boa-vontade da secretaria com a BM, é pertinente:
- Praça é lugar de amarrar cavalo?
A aroeira-salsa que foi morta era alvo de estudos. A Secretaria do Meio Ambiente planejava removêla e replantá-la no Jardim Botânico para poder construir novos banheiros.
Não pense que aroeiras são arvorezinhas quaisquer.
A espécie é nativa e possui imenso valor ornamental. Quem recorda do exemplar da Praça João Pessoa certamente lamentará o absurdo a que a árvore foi submetido.