Devido a falta de recursos financeiros para custear as despesas, o Instituto da Mama (Imama) de Bento Gonçalves encerra as atividades nesta sexta-feira, depois de quase 11 anos de atuação na cidade.
Sem conseguir sobreviver com auxílios públicos e privados, o Imama de Bento era mantido pela unidade central de Porto Alegre, o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, há pelo menos cinco anos. Pela mesma razão, núcleos em Triunfo e Cachoeira do Sul encerraram as atividades no ano passado.
- Os recursos, tanto públicos quanto privados, diminuíram, e a unidade central não tinha mais como manter as instituições nas outras cidades. As parcerias já não eram suficientes. Em Bento, o que as voluntárias relataram é que como o CNPJ da instituição é de Porto Alegre, muitos se negavam com a justificativa de que "o dinheiro não ficaria na cidade", o que mostra falta de sensibilidade porque isso não é um comércio, é uma causa - explica uma das vice-presidentes, Maria Angélica Linden.
As despesas do Imama de Bento somavam, aproximadamente, R$ 5 mil por mês, e incluíam o pagamento de uma funcionária, água, luz, telefone, internet, material de expediente e para as oficinas. O aluguel da sala era pago por três empresas parceiras.
Por mês, o Imama atendia aproximadamente 40 mulheres. O serviço oferecia atendimento psicológico individual, grupo terapêutico e de autoestima, atendimento fisioterápico e nutricional (em consultórios parceiros), empréstimos de perucas e lenços, biblioteca e parcerias com médicos para consultas e exames de ecografia mamária. Na comunidade, eram feitas ações de prevenção e conscientização.
Se depender das voluntárias do Imama, porém, a interrupção das atividades será por tempo determinado. O grupo começou a se reunir para pensar estratégias de como continuar prestando serviços por meio da criação de outra entidade.
É o caso de Inês Maria Krügel, 55 anos, e Salete Reginatto Bruschi, 59, as duas com histórias de vida que se assemelham: descobriram o câncer de mama fazendo o autoexame e começaram a participar das oficinas de autoestima. De pacientes, tornaram-se voluntárias e narravam suas experiências para outras mulheres em empresas, escolas e postos de saúde.
- Quando estávamos para baixo era o grupo que nos dava força. Crescemos com o apoio de outras mulheres. Não queremos que isso termine - desabafa Salete.
Em reunião neste mês com membros do Imama neste mês, o secretário-geral de Governo do, Ênio de Paris, disse que o município é parceiro na reconstituição de uma nova entidade. Segundo ele, o Imama não está cadastrado junto ao Conselho de Assistência Social, nem por meio da Secretaria de Assistência Social nem por meio da Secretaria de Saúde, o que inviabiliza o repasse de recursos financeiros pela administração municipal.
De acordo com Andressa Ben, supervisora do Imama em Bento, a instituição não é cadastrada no Conselho de Assistência Social porque a tipificação da entidade é na categoria da saúde. O Imama possui uma cadeira no Conselho Municipal da Saúde, mas a Secretaria da Saúde não disponibiliza recursos para entidades.