As operações contra a adulteração de leite e de vinho colocaram a população em alerta. Mas não é fácil identificar um alimento fraudado apenas pelo paladar ou aspecto visual. A descoberta do leite falsificado no Estado e mais recentemente da adição de antibióticos em produtos de 3 vinícolas da Serra só foi possível por conta de ampla investigação e testes laboratoriais.
O consumidor, porém, não precisa recorrer a técnicas mais elaboradas. Basta dedicar mais tempo para observar os informações nas embalagens ou a maneira como os produtos são dispostos no comércio. Esses detalhes dão subsídios importantes para detectar irregularidades.
Você confia na qualidade dos alimentos que consome? Por quê?
Sabrina Bartz, professora de Microbiologia e de Sistemas de Segurança de Alimentos, reforça que o registro de uma empresa no Ministério da Agricultura não é garantia de produto saudável. Se possível, todo cidadão deveria privilegiar marcas e empresas com nome a zelar:
- Muitas empresas não querem ser associadas a fraudes, buscam padrões internacionais de segurança na fabricação. Essas certificações constam nos produtos, na internet, são divulgadas na mídia. Há toda uma legislação no Brasil sobre prevenção nos processos. Devemos ir atrás disso, porque é o que vamos consumir.
DICAS
Evite embutidos. Se não houver alternativa, adquira produtos industrializados, de empresas com registro no Ministério da Agricultura e com certificações que atestam métodos seguros na produção do alimento. Evite adquirir presunto, salame ou queijo fatiado, por exemplo, em embalagens dispostas nas prateleiras. Muitas vezes, essas embalagens servem para mascarar a validade, facilitam a troca da etiqueta e não permitem estabelecer procedência. Na dúvida, peça para fatiar o produto na hora. Outra armadilha são as chamadas pizzas caseiras vendidas em mercados. Se tal produto não tem selo de certificação fica difícil identificar a origem dos ingredientes. Mais: a tal pizza pode servir meramente para reaproveitar ingredientes vencidos, como milho, sardinha, etc.
Exija o alvará da Vigilância Sanitária no açougue. O documento deve estar exposto. Basta lembrar que a carne é um dos produtos mais fraudados por abatedouros e transportadores clandestinos. O alimento vencido ou com alto teor de gordura, por exemplo, geralmente é moído para vender no balcão. O acondicionamento em embalagens comuns também favorece a proliferação de bactérias e esconde a validade. Prefira cortes feitos na hora.
Produtos orgânicos são considerados saudáveis, mas não estão livres dos perigos biológicos. Durante o plantio, é comum o agricultor ou a dona de casa lançar esterco animal sem observar o período correto da compostagem. O esterco estimula o surgimento da salmonela, bactéria altamente contagiosa. O mesmo vale para compotas e produtos do gênero. Portanto, adquira orgânicos que tenham selos de certificação e sempre cozinhe bem verduras e legumes.
Tenha em mente que nenhuma empresa idônea gostaria de ter sua marca associada às fraudes. Por isso, antes de ir ao mercado, procure se informar sobre as fabricantes dos produtos que você consome. Busque informações na internet ou em órgãos oficiais para saber se a empresa têm certificações e métodos seguros sobre a produção dos alimentos.
O QUE FAZER
Comprei um alimento com suspeita de adulteração. O que faço?
É difícil detectar adulteração apenas pelo paladar. É mais fácil o consumidor perceber fraudes por meio do aspecto visual. Diante da suspeita, a orientação é não abrir a embalagem e levar o produto à Vigilância Sanitária para análise. Importante: o produto não pode estar com a validade vencida. Se ficar constatada a fraude, a responsabilidade recai sobre o fabricante. A Vigilância pode emitir Auto de Infração e uma comissão determinará se a sanção se dará por advertência, multa ou interdição da fábrica. A multa mínima é de R$ 2 mil e a máxima chega a R$ 1,5 milhão, podendo dobrar em caso de reincidência. As denúncias também podem ser encaminhadas para o Ministério da Agricultura ou para a Secretaria Estadual da Agricultura.
O produto exposto no mercado está com a validade vencida ou embalagem adulterada. De quem é a responsabilidade?
Do mercado. Nesse caso, o consumidor pode alertar os responsáveis pelo estabelecimento para que providenciem a retirada do produto. A denúncia pode ser levada para o Procon, que têm autonomia para recolher a mercadoria e multar o mercado (varia de R$ 4,9 mil a R$ 3 milhões). A polícia também pode receber denúncias.
A quantidade e o peso indicados na embalagem não correspondem ao volume comprado. O que faço?
O correto é encaminhar a denúncia ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O órgão designará um técnico para inspecionar a empresa e recolher amostras para perícia. Comprovada a fraude, o estabelecimento ou o fabricante estão sujeitos a multas.
DENUNCIE
Procon Caxias
Visconde de Pelotas, 449 - Centro
Telefones: 151 ou 3214.5343
Atendimento: segunda a sexta, das 9h às 11h30min e das 13h às 16h
Vigilância Sanitária de Caxias do Sul
Marechal Floriano, 421 - 4º Andar - Centro
Telefones: 3290.4516 ou 156 (Alô, Caxias)
Atendimento: segunda a sexta, das 10h às 16h
Ouvidoria do Inmetro
Telefone: 0800.648.1241
Atendimento: segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h
Ouvidora do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Telefone: 0800.704.1995
Atendimento: segunda a sexta, das 8h às 20h
Saúde e bem-estar
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