O início do ano letivo na Escola Estadual Lajeado Grande, no distrito de Lajeado Grande, em São Francisco de Paula, nesta semana não registrou falta de professores ou servidores. O grande problema enfrentado pelo educandário, onde estudam 315 alunos, é outro: a ponte sobre o Rio Bururi, no Km 36 da ERS-476, ameaça cair e a travessia do ônibus escolar, está proibida. No ano passado, os cerca de 60 alunos beneficiados pelo serviço chegavam até a cabeceira da ponte e eram conduzidos sobre a estrutura por professores. Agora, a saída improvisada não irá mais ocorrer.
- Tomamos essa atitude para não prejudicar os alunos. Mas neste ano não queremos assumir a reponsabilidade pelos alunos. É perigoso, a estrutura está toda apodrecida e há risco de queda - afirma a vice-diretora Neiva Simone Cardoso Teixeira.
Para piorar a situação, a empresa que faz o transporte dos alunos decidiu não fazer mais o deslocamento das crianças enquanto não houver alguém para atravessá-los na ponte. O proprietário da Transneves, Diego Neves dos Santos, afirma que já pediu ajuda ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), à Secretaria Municipal de Educação de São Francisco e à promotoria, mas nenhuma providência foi tomada até agora.
- Eu estou proibido pela promotoria de passar com os alunos sobre a ponte. E não posso jogar o compromisso da travessia das crianças nas costas do meu motorista. O transporte está suspenso até que alguém se responsabilize - afirmou.
Residindo na localidade de Morro Grande, distante 20 quilômetros da escola, o produtor de leite André Huff não tem como levar os dois filhos à escola. Ontem, Laura, 11 anos, do 7º ano, e o irmão, Andrei, nove, do 4º ano, estavam em casa, amuados, olhando para as mochilas e materiais escolares. Ambos usavam o transporte para chegar ao colégio diariamente, já que o pai e a mãe, Solange, estão envolvidos com o trabalho. Além disso, conforme Huff, a estrada de chão, em péssimas condições, inviabiliza o percurso diário. Na segunda-feira, ele e outros pais fizeram um protesto em frente ao colégio para pedir providências. Por enquanto, nenhum deles têm certeza sobre o futuro dos alunos:
_ Vou esperar uns três ou quatro dias para ver se alguém dá algum retorno. Se não, a solução vai ser levar as crianças uma ou duas vezes por semana na escola, para não perderem o ano. Eles choram, ficam tristes, nervosos porque não podem ir para o colégio, mas de que adianta a gente mandar estudar e correr o risco de perdê-los na travessia da ponte _ questiona Huff.
O prefeito de São Francisco de Paula, Antonio Juarez Hampel Schilichting (PTB), diz que vai notificar a Transneves para que providencie uma saída para o transporte dos alunos. Ele afirmou ontem que já contatou diversas vezes o Daer e o governo do Estado para pedir celeridade na reforma da ponte. Conforme Schilichting, o Daer teria informado que uma licitação já teria sido feita, mas ninguém teria se interessado em fazer a obra. Ele acrescenta que vai continuar pressionando o Estado para que a reforma da estrutura seja feita de modo emergencial.
Educação
Alunos de escola no distrito de Lajeado Grande, em São Francisco de Paula, têm dificuldade para ir às aulas
Transporte escolar foi suspenso porque não há quem atravesse alunos pela ponte interditada
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