Apesar de protegidos por chapas de aço com 7 mm de espessura e vidros com 21 mm, os blindados de entrega de dinheiro podem ser um alvo mais fácil que bancos. São móveis, deslocam-se por pontos isolados das estradas e, por isso, os bandidos podem atingi-los e depois escapar por diversas rotas de fuga em estradas vicinais. Esse deve ter sido o raciocínio da quadrilha que atacou o carro-forte da Proforte em Nova Petrópolis, na manhã desta segunda-feira.
Até porque os bandidos não foram identificados, ainda não é possível dizer se são profissionais do ataque a blindados ou assaltantes de banco que migraram para nova tática.
- Para quem tem know-how, o carro-forte é um alvo bastante plausível, até por carregar grandes quantias. A quadrilha pode até se contentar com um ataque desses por ano. Mas a razão do ataque também pode ser outra - pondera o delegado Emerson Wendt, do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil gaúcha.
Uma outra probabilidade é que sejam ladrões de banco comuns, atemorizados com sucessivas derrotas para as polícias. Só este ano 10 bandidos morreram logo após realizarem assaltos a banco ou cofres. Foram mortos em confronto com a BM e a Polícia Civil, logo após cometerem os roubos, durante cercos bem organizados. A fuga é geralmente o ponto fraco, porque as quadrilhas se livram dos reféns - na tentativa de ganhar agilidade - e ficam na mira. Alguns sequer conseguem sair da cidade, se perdem durante perseguição no emaranhado de vias, às vezes até por desconhecimento do terreno.
Já com blindados o ataque costuma acontecer em estradas, longe de postos policiais e até mesmo de cidades. Mais fácil escapar, mais difícil serem reconhecidos. O que estimula poucos e lucrativos ataques. Este ano, o roubo de Nova Petrópolis é o primeiro do gênero. Copia a receita de um conhecido filme hollywoodiano, Fogo Contra Fogo, no qual bandidos se reuniam uma vez ao ano e só se tratavam por apelidos.
O delegado Wendt cogita inclusive que quadrilhas de fora do Rio Grande do Sul possam estar atuando aqui e voltando a seus locais de origem, Santa Catarina ou Paraná. Os últimos bandos desarticulados saíam de um Estado para atuar no outro.
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Humberto Trezzi / Brasília
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