A Escola Família Agrícola (EFA) da Serra Gaúcha está com período de visitação e matrículas abertas neste mês. A instituição é baseada na pedagogia da alternância, método pelo qual estudantes do Ensino Médio passam uma semana na escola internos e outra em casa, na propriedade. O modelo já despertou nos jovens a vontade de permanecer no meio rural, uma solução para resolver a falta de sucessão no campo, que atinge, segundo a Emater, mais de 30% das propriedades rurais do Rio Grande do Sul.
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A rotina na escola é formada por aulas de Ensino Médio pela manhã, integradas com conteúdos de agricultura. À tarde, é ministrado o curso prático, em parceria com o Pronatec de Agricultura Familiar. Das 17h30min às 19h30min, os 16 jovens possuem intervalos de convivência, como futebol e rodas de violão. O período da noite, até as 22h, é composto pelos serões, com palestras, discussões e filmes sobre agricultura. A rotina também contempla serviços de casa, em que os alunos são divididos em equipes de limpeza e cozinha.
O curso dura três anos, com mais seis meses de estágio em uma cultura diferente da que os alunos cultivam em casa. O estudante gradua-se como técnico agrícola, com capacidade para dar consultoria e ser empreendedor. Além da metodologia, na opinião da coordenadora pedagógica e mestre em geografia, Fernanda Pizzato, 25 anos, a participação ativa dos pais é o maior diferencial.
- Entendemos que pais e sociedade também ensinam, não só a escola. Por isso, a troca de experiência com as famílias e com o que cada propriedade produz é fundamental - explica.
Os jovens retornam à colônia com um planejamento de atividades para executar na semana. Os pais devem assinar o relatório, comprovando a realização. Além de tarefas agrícolas, há itens como ajudar no serviço de casa e participar da comunidade. Os alunos também adotam uma frutífera avaliada durante todo o ano.
- Os pais contam que os jovens começaram a manifestar maior interesse pela agricultura, o que gerou mais diálogo e melhorou o relacionamento. Isso estimula a permanência, pois o que mais motiva o jovem a sair não é a renda e sim a perda de laços com a comunidade, o que geralmente acontece quando entram em escola urbana - avalia a professora de Física e Matemática e mestre em Fitotecnia Josiane Pasini,25.
As famílias também ajudaram desde a implantação da escola, fazendo mutirões para limpar o seminário alugado dos irmãos maristas. Os pais mandam semanalmente alimentos da colônia para serem consumidos durante a semana pelos alunos.
O aluno Luis Henrique Reginatto Peretti, 19, de Ipê, é filho de um produtor de oito hectares de fruticultura. Já estava no quarto semestre de Agronomia, morando em Ipê e estudando todo dia em Vacaria, quando conheceu a escola. Decidiu largar a graduação em função da pedagogia da alternância e voltou a cursar o Ensino Médio.
- Aqui a gente aprende na prática. Aprendi muito mais do que em dois anos de faculdade. Mesmo vendo alguns conteúdos novamente, o ensino está se fechando com o que fazemos - avalia Luis.
Matrículas abertas
:: Visitas guiadas dia 18 e 31 de outubro.
:: Inscrições até 7 de novembro.
:: Contato pelo fone 54 34640552 ou no endereço rua Marcelino Champagnat, nº 52
:: Exigências: ter concluído a 8ª série, ser filho de agricultor (pode ser de caseiro), residir no meio rural (ou ter disponibilidade de uma área para fazer a prática por meio de arrendamento junto à Emater). O custo é R$ 200 mensal.
Alunos cursando por cidade
:: Quatro de Coronel Pilar
:: Três de Boa Vista do Sul
:: Três de Garibaldi
:: Dois de Bento Gonçalves
:: Um de Barão
:: Um de Farroupilha
:: Um de Carlos Barbosa
:: Um de Ipê
Educação
Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha está com matrículas abertas
Instituição é baseada na pedagogia da alternância, método pelo qual jovens passam uma semana internos na escola e outra em casa, colocando em prática o aprendizado
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