Foram 37 anos, sete meses e três dias de muito trabalho, alegrias, tristezas e aprendizado. É assim que a enfermeira aposentada Suzete Maria Peretti Rodini, 60 anos, resume sua jornada no Hospital Pompéia.
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para os 100 anos do Hospital Pompéia
Na instituição, da qual saiu há quase dois anos, foi gerente, supervisora e coordenadora de enfermagem, atuou como enfermeira assistencial e foi uma das primeiras professoras da Escola de Enfermagem. Encerrou sua carreira na UTI neonatal e pediátrica, junto dos recém-nascidos, seus pacientes mais queridos.
- Acho que dei banho em metade da população de Caxias - brinca.
Suzete tem razão. Na época em que começou, nasciam entre 25 e 30 crianças por dia no Pompéia. Hoje, não chegam a seis, em função de a cidade ter mais centros de referência na área, como o Hospital Geral, por exemplo.
- Também fui avó por tabela muitas vezes. Já me convidaram para participar de primeira comunhão, formatura e até para casamentos. Tem muita foto minha espalhada por aí com crianças que deixaram a UTI - conta Suzete, lembrando também das amizades que formou com as mamães que tiveram filhos prematuros e esticaram a permanência no hospital por algumas semanas.
Foi na instituição também que Suzete teve os dois filhos, Vanessa e Gustavo, ambos médicos e integrantes do corpo clínico do Pompéia.
- Por uns cinco anos eu e a minha filha, que é pediatra, fizemos plantão juntas na UTI e no Centro Obstétrico. Na primeira vez, ela me disse: "mãe, como eu vou te chamar?" E eu disse: "me chama de enfermeira, filha!" - lembra.
A relação profissional, porém, ficou de lado quando Vanessa teve o primeiro filho. Naquele dia, Suzete não quis ser enfermeira:
- Não quis me meter. Deixei que as colegas fizessem o trabalho que tantas vezes realizei. Naquele dia, quis só aproveitar para ser avó.
A jovem tímida que chegou a pensar em entrar para a vida religiosa antes de se tornar enfermeira se diz realizada. Suzete integra a primeira turma de formandas da UCS, em 1974, e chegou até o Hospital Pompéia convidada por uma professora da faculdade.
- A Marly Missaglia mandou me chamar em casa. No início, o meu pai não gostou muito, ele queria que eu terminasse a faculdade antes. Mas mesmo assim eu fui. Lembro que o pessoal na faculdade apelidou eu e mais cinco colegas que fomos estagiar lá de "As Pompéias". A vivência que tive lá no hospital foi muito rica. Eu escolhi ser enfermeira justamente porque gosto de ter um contato mais amplo com as pessoas - afirma.
A enfermeira ainda revelou no Pompéia um outro talento: o teatro. Junto com colegas como Marli Baierle e Walter Beck, entre outros tantos, formavam o grupo Estado de Choque. Não foram poucos os Natais em que Beck colocava túnica e barba para viver José, enquanto Suzete interpretava Maria.
- O grupo durou uns 15 anos, a gente fazia o maior sucesso. Construíamos os cenários e chegamos até a nos apresentar na Casa de Cultura, no Sesc e no Teatro São Carlos. Até para Erechim viajamos de ônibus para encenar uma peça. Era uma diversão - recorda.
O prazer em fazer o que se gosta, aliás, é a grande lição que Suzete guardou após quase quatro décadas de trabalho. Para ela, a coisa mais triste na vida é alguém sair de casa para ter de fazer algo que não gosta.
- A pessoa não será feliz nem vai fazer feliz quem está com ela - acredita.
37 anos no Pompéia
"Acho que dei banho em metade da população de Caxias", brinca a enfermeira aposentada Suzete Maria Peretti Rodini
No Hospital Pompéia, ela foi gerente, supervisora e coordenadora de enfermagem, enfermeira assistencial e uma das primeiras professoras da Escola de Enfermagem
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