Quem conheceu o Hospital Pompéia entre as décadas de 1980 e 1990 certamente já ouviu falar de Hugo Pan, 67 anos.
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para os 100 anos do Hospital Pompéia
O administrador, que atuou na instituição entre abril de 1971 e maio de 2005, desempenhou diversas funções: foi coordenador do serviço de radiologia, gerente de faturamento, coordenador administrativo do plano de saúde Pompeiamed, gerente de marketing, chefe do Serviço de Arquivo Médico Estatístico (atual Serviço de Prontuário do Paciente) e integrante da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos.
Mas foi como gerente de hotelaria e um dos idealizadores do Serviço de Atendimento ao Cliente que Hugo ficou mais conhecido.
- Quem entra em um hospital se sente inseguro, desamparado, porque não conhece a rotina da internação, não sabe a quem pedir informações... A minha função tinha muito a ver com isso, ou seja, facilitar a vida do paciente e de seus familiares e intermediar o contato com a equipe médica - recorda Hugo, figura frequente nos corredores ou nos quartos, onde se dedicava a resolver problemas sempre com a tranquilidade habitual.
E problemas não faltaram nesses 34 anos. Com as mudanças no pagamento dos serviços de saúde pelo governo federal e o descredenciamento da maioria dos hospital da região ao INAMPS, na década de 1980, o Pompéia acabou o único da região a manter as portas abertas aos pacientes que não tinham dinheiro para pagar.
- Não havia pronto-atendimento 24 horas, unidades básicas de saúde, serviço de diagnóstico... Imagina a situação que o hospital ficou tendo que atender a toda a população pobre de Caxias e da região? - afirma.
Com isso, vieram a superlotação, as dívidas astronômicas e as pressões da imprensa, dos políticos, de sindicatos de trabalhadores. Para Hugo, injustamente o Pompéia muitas vezes foi culpado pela crise na saúde pública, responsabilidade que ele credita ao próprio governo.
- Quanto mais gente o hospital atendia, mais prejuízo tinha, porque os valores não cobriam nem a metade da nossa despesa. E por causa da superlotação, o hospital também começou a perder a clientela que trazia receita. Os pacientes que podiam pagar passaram a preferir hospitais particulares, como o Medianeira, o Del Mese... - recorda.
Em 1987, quando Hugo já atuava na gerência de hotelaria, o Pompéia enfrentou sua primeira greve. A paralisação durou 17 dias e mobilizou quase 80% dos funcionários.
- Foi um caos porque estávamos com o hospital superlotado. Todo mundo se mobilizou para ajudar como podia, na comida, na limpeza. As damas do Pio Sodalício, os seminaristas, todos trabalharam muito naqueles dias. Havia piquetes em frente ao hospital impedindo aqueles trabalhadores que queriam entrar - recorda.
A situação só começou a mudar, afirma Hugo, quando a Sociedade Beneficente São Camilo chagou, em 1988. Para ele, a instituição pôs fim a um período de administrações empíricas, que começou ainda com a Congregação das Irmãs de São José e transferiu-se para leigos indicados pelo Pio Sodalício.
- Foi o ponto de partida para a profissionalização do hospital - define Hugo.
Apesar de atuar com um verdadeiro para-choque, recebendo as críticas e encaminhando as soluções, Hugo se confessa um apaixonado pelo Pompéia. Foi na instituição que ele viu os três filhos - Gustavo, 35, Jussara, 32, e Juliano, 27 - nascerem.
E foi lá que o administrador aprendeu a importância do serviço humanitário, do bem atender e, principalmente, de saber ouvir as pessoas.
- Até hoje eu lembro das palavras de dona Paulina (Moretto), que se manteve sempre firme e esperançosa nos períodos de crise: "Seu Hugo, eu fico tranquila porque o senhor sabe fazer sua tarefa com calma, com o seu jeitinho". Agradeço a ela pela motivação que sempre me deu para continuar meu trabalho até o fim - destaca.
De 1971 a 2005
100 anos do Hospital Pompéia: conheça a trajetória do administrador Hugo Pan
Ele desempenhou várias funções, mas foi como gerente de hotelaria e um dos idealizadores do Serviço de Atendimento ao Cliente que Hugo ficou mais conhecido
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