A conduta do motorista que dirigia uma van escolar flagrada com excesso de passageiro na quinta-feira passada na Rua Sinimbu, em Caxias do Sul, é investigada pela Delegacia de Trânsito.
Ele poderá responder por direção perigosa e desobediência.
Após uma denúncia de excesso de passageiros, os fiscais de trânsito tentaram por mais de uma vez interceptar o veículo que levaria estudantes para os colégios Madre Imilda, Imigrante e Escola Caldas Junior.
Mas o condutor só parou quando ficou encurralado por viaturas em frente ao Madre Imilda.
Segundo a fiscalização, a van tinha capacidade para 16 pessoas. Mas carregava 28, incluindo o motorista e uma monitora.
Além da lotação acima do permitido, o veículo teria outras irregularidades, como o extintor fora do prazo de validade e o tacógrafo inoperante.
Mesmo com o extintor de incêndio vencido desde 2009, o micro-ônibus estava apto a circular. Isso porque a última vistoria pela qual passou, em 28 de março, apontou que tudo estava certo com o veículo.
Como então se explica que na averiguação, que ocorre semestralmente para transporte escolar, a irregularidade não tenha sido percebida? Suspeita-se que, para o momento da análise das condições do carro em uma duas empresas credenciadas pelo município, um equipamento em dia foi colocado no lugar do vencido.
Seria uma possível manobra por parte do responsável pelo veículo.
- Ele pode ter levado um extintor em dia na vistoria, caso contrário, não seria aprovado. Porque no termo de vistoria tem que constar a data de vencimento do extintor - explica a assessora de transporte da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Salete Maria Spohr Osmainchi.
Para a averiguação periódica, a secretaria fornece uma planilha aos responsáveis. O documento prevê também testes obrigatórios, como o de frenagem. Para que o serviço seja autorizado, a planilha tem de ser assinada por um engenheiro. Mediante a aprovação do funcionamento de itens como direção e rodas, amortecedores, velocímetro, retrovisor, saídas de emergências, luzes, entre outros, um selo é entregue ao proprietário.
O dispositivo deve ser colado no para-brisa. É possível visualizá-lo do lado de fora. Pelo selo, pode-se saber o nome da empresa, o prefixo e a validade da vistoria.
Essa é uma arma para os pais saberem se o transporte escolar é clandestino, o que não era o caso do micro-ônibus recolhido. Outra maneira é anotar o prefixo e ligar para a secretaria.
- Se o pai está desconfiado, mas não quer se expor e não conseguiu visualizar a placa, pode olhar o prefixo, que é bem grande. Fica nas laterais e atrás do veículo. Pode nos ligar que a gente confirma se está em dia, se está regular - orienta Salete.
A ação de quinta-feira provocou pânico nos estudantes e indignação em professores e pessoas que assistiram à abordagem.
Embora os agentes neguem, o motorista e alunos acusam um servidor de agressão. Professores e pais ficaram revoltados também porque as crianças tiveram de desembarcar da van no meio da pista e, segundo relatos dos próprios alunos, teriam sido retiradas de forma bruta.
A Delegacia de Trânsito também investigará se houve abuso por parte dos fiscais.
DENÚNCIAS
Denúncias sobre excesso de passageiros ou outra irregularidades e dúvidas sobre a legalidade do serviço podem ser repassados à Secretaria de Trânsito, pelos fones 118, (54) 3290-3917 e 3290-3914.