A guarda municipal de Caxias do Sul carece de armas, viaturas e efetivo. Um sinal dessa precariedade foi o episódio do último sábado, no Centro de Cultura Ordovás, quando um jovem foi baleado no estacionamento do espaço público municipal.
É com apenas três armas de fogo que os 159 servidores protegem o patrimônio. São sete revólveres no total, mas o restante está estragado, conforme o servidor e integrante do Conselho da Guarda Municipal, Rinaldo Garcia da Silva.
Somente em um dos patrimônios municipais, na Escola Machado de Assis, no bairro Reolon, existe um servidor com revólver. O armamento restante que funciona é distribuído nas viaturas, que dão apoio aos demais servidores nos outros postos.
- São armas muito velhas - diz Rinaldo.
Na semana passada, das sete viatura leves, duas rodavam. As outras estavam na oficina.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (SINDISERV), João Dorlan da Silva, seriam necessários pelo menos 300 guardas municipais na cidade.
Há mais de oito anos o quadro não é reposto com concurso público. A entidade cobra do governo o preenchimento de vagas, uma promessa de campanha da administração.
- Teria de ser o dobro do efetivo de hoje. A orientação técnica dos agentes de segurança é de que sempre trabalhem em dupla. O Ordovás, no mínimo, teria de ter duas pessoas. Uma para ficar na portaria, monitorar a parte de câmera de vigilância. E a outra, fazendo aquela circulação periódica pelo prédio, pelo estacionamento, por todo o entorno, para garantir a segurança dos frequentadores e também de quem trabalha ali - diz Dorlan.
Para o presidente, a presença de guardas armados inibiria ações criminosas. O diretor-geral da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Barden da Rosa, admite problemas com o armamento, mas discorda da precariedade relatada pelos servidores.
Quatro armas de fogo estão em manutenção preventiva desde a semana passada, conforme ele. E novas serão adquiridas via licitação: 15 pistolas, 15 revólveres e munição de treinamento e para uso em serviço. Segundo o diretor, em 2012, o órgão vai receber 12 viaturas novas.
Barden ressalta que neste ano também deve ser realizado concurso público para a guarda, com 50 vagas. Porém, ele acha que prédios públicos como o Ordovás não necessitariam de mais de um guarda. E nem de armas letais.
- Um é suficiente. Porque a função da guarda municipal é fazer prioritariamente a proteção do patrimônio do município. Quanto à segurança das pessoas, a própria lei define que são os órgãos policiais que têm essa responsabilidade. O guarda faz a ronda na parte externa e na interna. Quem comete crime fica atento com relação ao movimento dele. O Ordovás é um local destinado à cultura. E nesses lugares onde há frequência de público, o uso da arma pode colocar em risco as próprias pessoas que utilizam o espaço. Não há necessidade de se manter um guarda com arma letal. Não é nem recomendável - diz Barden.
Patromônio desprotegido
Guardas municipais de Caxias têm apenas três armas de fogo e duas viaturas funcionando para proteger espaços como Centro de Cultura Ordovás, onde jovem foi baleado no sábado
Jovem foi atingido no estacionamento do centro cultural
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