Invasão de estudantes de outros Estados motiva gaúchos a se prepararem melhor para o Enem

A utilização da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para conseguir vaga no Ensino Superior, que provocou uma invasão de alunos de outros Estados, exigirá ainda mais preparação dos estudantes. Usando como metáfora o futebol, estamos saindo do Campeonato Gaúcho e ingressando no Brasileirão. Os "clubes" a serem enfrentados, a partir de agora, têm jogadores ainda mais qualificados e contam com técnicos estrategistas.

Dados do Ministério da Educação (MEC) revelam que o Rio Grande do Sul foi um dos que mais recebeu calouros de fora e menos ofereceu alunos para outras partes do país. Até a terceira fase de inscrição no Sistema de Seleção Unificada (SiSu), sem contar as vagas que ainda sobraram, "exportamos" apenas 146 universitários e recebemos 1.118. Mas a resposta para essa diferença pode estar no fato de o Enem ainda não ser adotado em todas as principais instituições federais do Brasil.

- O curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, um dos grandes do Brasil, não ofereceu vagas pelo Enem. Somente quando os melhores cursos de outros Estados também estiverem nesse sistema é que teremos ideia do interesse dos gaúchos em estudar fora daqui - avalia Gustavo Reis, professor e autor do blog sobre Enem, vestibulares e matemática do ClicRBS.

Aprovado neste ano para o curso de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), o professor, que não fará a faculdade, aproveita para manter contato com calouros e veteranos. A qualidade de vida de Porto Alegre e a alta qualificação da UFCSPA foram decisivas na escolha deles. O Rio Grande do Sul receberá jovens de todos os Estados brasileiros. Quem mais envia calouros é São Paulo, 446 ao todo. Na outra ponta estão Acre e Paraíba, enviando um estudante cada.

- Acho que não se pode dizer que o ensino daqui é pior do que o dos outros Estados. Se estão vindo para cá os melhores de outras regiões, quem está perdendo espaço são aqueles candidatos não estão bons. Mas é verdade, também, que o Ensino Médio está muito ruim. Tem de melhorar muito - afirma Fernando Becker, especialista em Psicologia da Educação e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).