Para alguns o abraço era mais apertado. A amizade de 30 anos permanece, mas eles não vivem mais o dia a dia do Alfredo Jaconi. E para iniciar as celebrações da primeira conquista nacional do Juventude, a Série B de 1994, ex-atletas, dirigentes e amigos voltaram a se encontrar para um jogo festivo.
Antes mesmo da bola rolar no CT Alviverde, os ex-atletas do Verdão fizeram questão de dar uma passada no estádio onde tantas vezes vestiram a camisa do clube. Lágrimas e choro se misturaram a sorrisos e satisfação em poder relembrar momentos marcantes em cada corredor do Jaconi.
— Eu vou ser muito sincero, fazia muito tempo que eu não entrava num estádio, num Centro de Treinamentos e hoje (sábado) me bateu uma saudade de poder ver o Renato Tomazini (funcionário), ver os presidentes todos aqui reunidos (Marcos Cunha Lima e Milton Scola); então isso pra nós é gratificante porque a gente não consegue mensurar o que tem por trás da história que deixamos dentro do clube e comemorar trinta anos o título da Série B é algo que marca — se emocionou Marcão, na época com 25 anos, atualmente com seus 55.
Quem também esteve presente, mas desta vez não balançou as redes, foi o artilheiro do Ju e da Série B, naquele ano, Mário Maguila. À época com 28 anos, o centroavante foi responsável por 11 gols do alviverde.
— Onde se ganha título, geralmente, tem um laço, uma aliança de amizade muito grande e eu acredito que é isso que fica pra nós, hoje em dia — avaliou Maguila.
Dentro de campo, os campeões de 1994 desta vez se dividiram para realizar o jogo festivo. Faltaram apenas algumas figuras representativas da história alviverde como técnico da Seleção Brasileira Dorival Jr, que alegou problemas de última hora, e o meio-campista Galeano, que fez sucesso depois no Palmeiras.
Idealizador do encontro, o ex-goleiro Isoton foi titular na campanha do acesso há 30 anos e único jogador que disputou todas as 20 partidas da equipe na Série B. Desta vez, ele deu lugar a Humberto debaixo nas traves e se aventurou no ataque do time que jogou de camisa branca.
— Essa noite a gente já dormiu um pouco menos, com a preocupação de algumas coisas que ainda tínhamos que fazer, mas fiquei agora aliviado e contente. A gente está muito feliz porque quando resolvemos promover esse encontro o engajamento do pessoal foi enorme, sabe? Tem pessoas aqui de tudo que é canto do país e eles não mediram o esforço para estar aqui com a gente hoje — lembrou Isoton.
Comandante do clube na conquista, o ex-presidente Marcos Cunha Lima reiterou a relevância daquilo que esse grupo de atletas teve na história do clube.
Foi um momento tão importante na vida do Juventude, essa conquista e essa elevação pra Série A
MARCOS CUNHA LIMA
presidente do Juventude em 1994
— É bom rever os amigos. Teve jogadores lá que quando encerrou o campeonato foram embora e nunca mais os tinha visto, como o técnico Heron, que também foi treinar fora do país e alguns outros jogadores. Foi um momento tão importante na vida do Juventude, essa conquista e essa elevação pra Série A. Na época tinha um contrato de cogestão com a Parmalat, vieram jogadores muito importantes, inclusive de Seleção Brasileira, que era o caso do Odair — destacou o presidente.
E foi justamente Odair Patriarca um dos destaques em campo, não apenas por mostrar a velha habilidade com a bola no pé, mas por gerar gargalhadas pelo seu jeito bem humorado de brincar com os companheiros.
— Eu brinco no asilo do Palmeiras e no asilo da Ponte Preta. Lá nós estamos 11 anos sem perder, eu estou com 61 anos, já não sou uma criança mais. Mas ainda a gente brinca, como a gente fez hoje aqui, um rachãozinho. A gente conseguiu fazer uma história dentro do Juventude e ela está marcada após 30 anos. Você vê a alegria que a gente se sente aqui. Eu tenho o maior prazer de sentar, pisar aqui e ver a papada feliz — comemorou Odair.
A gente conseguiu fazer uma história dentro do Juventude e ela está marcada após 30 anos. Você vê a alegria que a gente se sente aqui.
ODAI PATRIARCA
ex-atleta do Ju em 1994
Técnico da conquista, Heron Ferreira vai dirigir o São Caetano em 2025, mas antes fez questão de rever atletas que ajudaram a alavancar sua carreira.
— Deus me deu a oportunidade de estar aqui naquele momento. Eu tinha 35 anos, né? Eu era um jovem treinador, e se você olhar na história dos treinadores, com 35 anos, conquistar um título dessa envergadura, campeão Brasileiro da B, foi um marco na minha carreira, muito grande, porque foi o iniciozinho de tudo.
O jogo dos times com camisas verde e branca terminou empatado em 2 a 2. O filho de Marcão, Marcos, anotou duas vezes para os verdes; enquanto o vice presidente das categorias de base, Jones Biglia, e Ericson, que fez parte do elenco alviverde em 1994, sendo um dos atletas da base, marcaram pra equipe de branco.
Após o duelo que teve cerca de 55 minutos, o cheiro do churrasco de ovelha e o som da turma que iniciou o pagode atraíram os atletas para aquele que seria o auge do encontro, o momento de novas resenhas entre amigos.