
Quando a chuva que atinge o Rio Grande do Sul parar e o nível das enchentes baixar, com o novo nascer do sol, a esperança voltará a brilhar em solo gaúcho. E a partir deste momento, o cenário para muitas famílias será o de reconstrução de tudo aquilo que a chuva no Estado levou de cada um. E o ex-jogador da dupla Ca-Ju, Juliano Alexandre, de 29 anos, será um destes homens que vai lutar para recuperar a vida de um familiar afetado pelos estragos.
A mãe de Juliano, Dona Alcedina, de 64 anos, perdeu tudo que estava na casa onde morava, localizada no bairro Mathias Velho, em Canoas. Até quarta-feira (8), nem mesmo deu tempo para os familiares se aproximarem do local, uma vez que a casa está debaixo d'água.
— É um momento delicado, triste. Queria estar falando agora de um momento de alegria, que era o futebol, talvez um título, uma partida que ficou marcante, mas infelizmente é para um cenário ruim. Fomos muito afetados com a chuva lá em Canoas — revelou o jogador, que está com a mãe e a irmã mais nova, Katiele, 20, em Balneário Camboriú-SC.
A casa onde Juliano e Katiele nasceram também foi o berço de outros cinco irmãos: Ronaldo, 42, Alceir, 41, Raul, 38, Cristiano, 36 e Daniela, 30. Dona Alcedina é diarista. E se orgulha da profissão que sustentou e criou seus sete filhos.
— Com muita honra sou diarista, trabalhei assim toda a minha vida e estava atuando em Canoas. Consegui criar meus filhos trabalhando. Eu fui mãe solteira, criei todos sozinha. Agora perdi tudo: eletrodomésticos, forro de cama, lençol, louça, tudo.
A casa da família foi tomada pelas águas. E como por obra do destino, no momento em que a chuva invadiu o local e destruiu móveis, eletrodomésticos e tudo que estava no caminho, Dona Alcedina estava visitando o filho em Balneário Camboriú, onde mora o atleta do Barra.
— No final de semana, ela veio para assistir o nosso jogo de estreia na Série D contra o Novo Hamburgo. Foi quando começou a acontecer os fatos no Rio Grande do Sul e, graças a Deus, ela estava aqui, com minha irmã Katiele. Minha mãe queria ir embora, eu pedi para ela ficar mais um dia, para a gente aproveitar, dar uma passeada aqui em Balneário, e ela acabou aceitando. Graças a Deus ela estava aqui quando tudo aconteceu, e ficou só com duas, três peças de roupa. Minha irmã também — revela Juliano.
— Olha, eu acho que foi Deus mesmo sabe, porque eu nunca na minha vida fiquei tanto tempo fora. Queria matar a saudade dele, fiquei quatro meses sem vê-lo, tava morrendo de saudade. Fiz a visita pra assistir ao jogo do Brasileiro, mas era pra ser só aquela visitinha e retornar, mas como ele pediu, fiquei — contou a mãe.
Para tentar reconstruir o lar que se perdeu nas águas, Juliano gravou um vídeo e publicou no seu perfil do Instagram pedindo apoio e doações através de PIX.
— Muitas pessoas não teriam essa iniciativa de colocar a cara assim, acho que a maioria teria vergonha. Nós jogadores não somos parte daquela porcentagem de 2% que ganha mais de 5 mil reais por mês. Não só peço ajuda para a família da mãe do Juliano, mas sim para todo o povo canoense, todo o povo gaúcho. E já deixando também aqui um apelo, não só para minha mãe, mas dizer que o Juliano também está disponível para a família que estiver precisando — destacou o atleta.
"Não tenho medo de começar a batalha de novo!"
A ideia da família é reconstruir o lar no mesmo local onde ocorreu as enchentes, no bairro Mathias Velho.
— Vai ser duro sair de lá, porque lá eu me criei, criei meu filho, e foi com sacrifício, com batalha; e não tenho medo de começar a batalha de novo, porque eu me considero ter força ainda de guerrear — apontou a mãe.
A força que corre nas veias de Dona Alcedina também fez de Juliano um guerreiro em campo. Como atleta, ele passou pela base alviverde em 2013 como lateral-esquerdo. No decorrer da carreira, ele foi parar no ataque. Foi assim que chegou ao Caxias em 2021.
— Tenho um carinho enorme por Caxias, foi onde eu conheci a minha esposa, que é de Nova Prata, pude criar a minha família, mas futebolisticamente foi uma cidade que me projetou pro mundo do futebol.
Agora, o único gol que Juliano quer marcar é fora de campo.
— Sei que a Serra foi muito atingida também, então mais uma vez estou à disposição da família que precisar, com água, roupa, alimento, a gente está à disposição também pra ajudar.
E quem quiser contribuir com um PIX para apoiar a reconstrução da casa da mãe de Juliano, a chave é o CPF da irmã, Katiele Alexandre Borges: 602077980-79.
— O valor é insignificante nesse momento. Eu acho que qualquer ajuda, qualquer oferta que Deus tocar no coração vai ser muito bem-vinda, vai ser especial pra reconstrução da casa da mãezinha — finalizou Juliano.