O Caxias tem neste domingo (28), às 16h, mais uma oportunidade de retornar à Série C do Campeonato Brasileiro. Na Arena as Dunas, em Natal-RN, a equipe grená encara o América-RN, no jogo de volta da quartas de final da Série D, podendo até empatar ao final dos 90 minutos para finalmente comemorar um acesso nacional dentro de campo.
O comando da equipe na busca por esse objetivo é de um treinador de fala serena, calma, carregada do sotaque do interior de Goiás, de onde saiu de Rio Verde para construir uma carreira como zagueiro. Há três anos, o desafio mudou, com o começo de sua trajetória como treinador.
Thiago Carvalho chegou ao Caxias com a Série D já em andamento. Em pouco mais de três meses, é possível conhecer um pouco mais do treinador, tranquilo no dia a dia e nas entrevistas e que deixa para "explodir" nos momentos certos.
— Sou bem calmo na verdade, mas tem momentos em que você precisa participar. Me seguro bastante, porque aqui dentro de campo é difícil, então só cobrança para mim não funciona. Acho que preciso dar confiança e chamar a responsabilidade para mim de alguma forma. Como treinador tento ser tranquilo, dentro do possível, mas óbvio que tem momentos que cobramos um pouco mais ali no vestiário — afirmou Carvalho, citando um dos momentos em que perde a tranquilidade:
— Gosto muito de fazer minhas coisas bem corretas e quando elas saem um pouquinho do caminho, isso me tira do sério.
Assim como ocorreu a adaptação no comando grená, Thiago conseguiu rapidamente se acostumar com Caxias do Sul e região. O treinador veio com a família para sua primeira experiência no Rio Grande do Sul. Além dos resultados em campo, a passagem pelo Centenário está trazendo novas oportunidades culturais para o técnico, sua esposa e seu filho:
— Conhecemos vários lugares de Caxias, viajamos (pela região). Eu acredito que seja não só a cidade, mas o Estado mais bonito que moramos. Todo final de semana que tem essa oportunidade de poder passear, aproveitamos bastante. Estamos bem felizes aqui.
O bom desempenho em campo e a rápida adaptação ao clube fazem Carvalho projetar um longo caminho no grená. Para isso, o acesso neste domingo pode representar a consolidação para a sequência do trabalho.
— É um desejo meu desde quando cheguei. Acredito muito num projeto de tentar ter mais tempo de clube. Fiquei dois anos num clube, que é algo raro, quando saí de lá era o segundo do país com mais tempo de clube. Essas coisas para mim são interessantes, de ter sequência de trabalho, de poder implementar uma ideia. Fazer isso virar uma cultura no clube seria bem legal. É um desejo, mas óbvio que são várias situações que precisam acontecer para que isso dê certo. Mas tenho esse desejo sim de continuar.
Depois de abandonar a carreira aos 30 anos por conta de uma lesão no joelho e de um início promissor como treinador, Carvalho tem a oportunidade de tirar o Caxias da Série D e conseguir o inédito acesso nacional dentro de campo para o clube. Em 2018, 2019 e 2021, o Caxias bateu na trave, mas o desafio de buscar esse feito é algo que motiva ainda mais o técnico grená:
— Sou um cara que gosto muito de fazer algo que ninguém nunca fez. É algo que me mexe muito e motiva bastante. Quando eu escuto que ninguém nunca conquistou, eu quero. E é o que eu tento passar para os atletas, para podermos fazer e de fato entrar para a história de um clube igual ao Caxias, que tem uma tradição e uma história muito grande.
Ao final do domingo, Carvalho e o torcedor do Caxias esperam comemorar o acesso. A chance de o treinador colocar seu nome na história do clube passa pela Arena das Dunas. Ficar no Centenário pode ser consequência, mas colocar o Grená na Série C é obsessão.