O Juventude tem nove jogos no Campeonato Brasileiro para transformar o volume ofensivo dos dois últimos confrontos em efetividade. Com isso, conseguirá as vitórias fundamentais na briga para não ser rebaixado. Se somar o número de finalizações, nos jogos diante do Ceará e do Bahia, o Verdão teve 44 oportunidades. No entanto, não conseguiu ser certeiro e marcar nos dois confrontos.
O lado positivo é que, desde a chegada do técnico Jair Ventura, o Juventude superou a média de finalizações do campeonato todo. Atualmente, a média é de quase 11 por jogo e o Ju conseguiu 26 diante do Ceará e 18 contra o Bahia. Em 29 jogos, o Juventude é o sexto time com menos arremates ao gol adversário na competição.
Os números ofensivos contra Ceará e Bahia superam a média dos clubes com mais chances criadas. O Flamengo é o time com a maior média de finalizações da competição. São quase 15 por partida.
Segundo o site de estatísticas, Footstats, o Juventude precisa em média de quatro finalizações certas pra fazer um gol no Brasileirão. No entanto, nos dois últimos jogos, não balançou as redes. O jogador do Juventude com mais finalizações no Brasileirão é o atacante Sorriso.Em 28 jogos, teve um total de 46, sendo 19 certas. Porém, só marcou uma vez, contra o Grêmio, na Arena. O segundo maior finalizador é Guilherme Castilho, com 40, sendo 15 corretas.
No Brasileirão, o Ju tem um ataque pouco efetivo. Em 29 jogos, foram 27 gols marcados, sendo 12 assinalados por centroavantes — sete por Matheus Peixoto e cinco por Ricardo Bueno. Portanto, 44,4% dos gols alviverdes foram convertidos pela figura do camisa 9. Contra o Bahia, o Ju não teve Bueno, que estava se recuperando de lesão.
Com esses números na competição e, principalmente nos últimos dois jogos, o Pioneiro procurou ouvir a opinião de comentaristas para a saber: de quais ajustes o Juventude, de Jair Ventura, precisa para ser mais efetivo?
Leonardo Oliveira - Colunista de GZH
Esse erro está também ligado à pressa em executar a jogada, à ansiedade para sair logo dessa situação e descomprimir uma rotina que pontou o dia a dia dia do clube em quase todo o Brasileirão.
Nesta altura do campeonato, com o final da temporada se aproximando e pesando nas pernas dos jogadores, treinos longos de arremates é uma temeridade. Uma lesão muscular representa o fim antecipado do ano. O trabalho de Jair Ventura precisa manter esse alto nível de produção, afinal, o time está criando muito. Além disso, transmitir tranquilidade aos jogadores. O estresse pela luta contra o rebaixamento parece afetar o Juventude na hora de definir o lance. Há erros de gesto técnico nas finalizações, é evidente.
Não fosse assim, teria ganho com folga de Ceará e Bahia. Mas esse erro está também ligado à pressa em executar a jogada, à ansiedade para sair logo dessa situação e descomprimir uma rotina que pontou o dia a dia dia do clube em quase todo o Brasileirão. Revendo as chances perdidas, há algumas que são obras do destino, como o chute de Wescley que bate na trave e resvala no poste de Danilo Fernandes, contra o Bahia. Mas há também o açodamento de Sorriso contra o Ceará. E isso é facilmente explicável. Trata-se de um jovem formado no clube, que faz sua estreia na Série A e que sabe a dimensão que terá um rebaixamento na vida do Juventude.
Rafael Baungarten - comentarista da Rádio Caxias
Para melhorar a mecânica de jogo, eu colocaria o Wescley fazendo um quarto homem pelo lado direito, no lugar do Capixaba...
O Juventude pode melhorar a mecânica ofensiva para o acabamento da jogada. O Jair Ventura tem que ser um facilitador para proporcionar ao ataque do Juventude um pouco mais de tranquilidade para a finalização. Então, é momento de tranquilidade, lucidez dos atacantes. Trabalhar o emocional, o psicológico para, no momento de definir, colocar na rede. Nesses últimos dois jogos, o Juventude criou muitas chances de gol. Falta a tranquilidade, a competência, porque alguns jogadores do ataque não são finalizadores natos.
Dentro da grande área, precisa frieza, a perna não pode tremer, nem a ansiedade tomar conta. Os jogadores do Juventude podem estar um pouco ansiosos, além da característica de não serem definidores. Para melhorar a mecânica de jogo, eu colocaria o Wescley fazendo um quarto homem pelo lado direito, no lugar do Capixaba, para que ele viesse um pouco mais por dentro e se aproximasse do Castilho e do Bueno. Assim, daria o corredor com profundidade e amplitude para o Michel Macedo.
Mauricio Reolon - Colunista do Pioneiro em GZH
Por mais que exista a preocupação tática de recomposição, é o momento de oferecer mais criatividade ao time, com Wescley ou Wagner, seja na vaga do Capixaba ou do Jadson
O Juventude tem uma mecânica de jogo muito bem definida e que foi aperfeiçoada pelo Jair Ventura no aspecto ofensivo nas últimas partidas. Se pode até questionar a dinâmica dos laterais no ataque, mas não passa por aí a questão principal. O momento sem vitórias pesa e a ausência do Ricardo Bueno foi crucial diante do Ceará. Contra o Bahia, por mais que o Bueno estivesse em campo, ele se movimentou muitas vezes para abrir espaço aos meias e atacantes de lado, fazendo uma função de pivô, quase de armador. Diante do Inter, ele precisa estar mais na área.
E aí, por mais que exista a preocupação tática de recomposição, é o momento de oferecer mais criatividade ao time, com Wescley ou Wagner, seja na vaga do Capixaba ou do Jadson, recuando um pouco mais o Guilherme Castilho. Aliás, outro fator importante é trazer tranquilidade aos mais jovens. Além do Sorriso, o Castilho também parece sentir o momento, o emocional pesa demais na hora de definir as jogadas ou nas bolas paradas. O meio-campista, emprestado pelo Atlético-MG, precisa voltar a ser protagonista da equipe, com sua intensidade, dedicação e como um fator surpresa dentro da área.
Números do Juventude do Brasileirão
::27 gols
:: 0,93 gol por jogo
:: 10.83 média de finalizações por jogo
:: Sexto time que menos finaliza
:: 12º time que mais erra finalizações
:: 3º time que menos acerta finalizações