Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, 19 estiveram na sede da CBF nesta semana e entregaram uma carta à entidade, exigindo a criação de uma liga nacional e mudanças nas eleições presidenciais da confederação. Por conta da renúncia de Milton Bivar, que era presidente do Sport, o clube pernambucano foi o único ausente.
Para o presidente do Juventude, Walter Dal Zotto Jr, que participou da reunião de clubes e também do encontro com dirigentes da Confederação, o momento tem tudo para ficar na história do futebol brasileiro.
Em conversa com a reportagem do Pioneiro em GZH, o mandatário alviverde deu detalhes dos encontros, explicando a ideia da liga, a forma como os clubes pretendem colocar em prática, os exemplos do passado, as fontes de renda e os possíveis participantes.
A ideia
Eu tenho uma expectativa muito grande. Não tenho dúvidas de que é um dia que pode estar marcado na história do futebol brasileiro, com os clubes assumindo definitivamente o protagonismo do futebol. Assumindo a organização e o desenvolvimento econômico com a criação da liga. Os clubes que estavam lá demonstraram unidade e, qualquer passo que for dado, vai ser dado em grupo a partir dessa decisão, que também com a inclusão da Série B, também que os os clubes também serão convidados.
Execução
Vai ser criada uma comissão entre os clubes para buscar o desenvolvimento da parte estatutária, através contratação de profissionais, para que eles apresentem aos clubes um projeto, principalmente, com ajustes em termos de calendário, com a manutenção dos regionais e paralisação em datas FIFA. Uma evolução na CBF onde os clubes pudessem ter uma participação maior, que infelizmente não aconteceu nos últimos anos. Os clubes entenderam que o momento era oportuno. A gente pode falar oportuno, mas nunca oportunismo. Se unirem para que a gente possa monetizar melhor a nossa competição e buscar alternativas que sejam viáveis para todos os clubes, principalmente lá fora.
Antigos exemplos
Um dos pontos que foi bem discutido foi a questão econômica, pois o que leva ao racha é quanto se divide o dinheiro. Mas essas questões foram bem colocadas, foram bastante discutidas entre os clubes, e eu senti muita segurança, principalmente dos grandes clubes, que são os que comandam o futebol brasileiro e estão puxando a liga. Mas é importante salientar que não estamos criando uma posição de confronto com CBF. E, sim, uma situação de buscar o apoio da CBF para construirmos um futebol brasileiro melhor.
TV e outras fontes de renda
Os clubes têm contratos com a Globo até 2024 e isso não vai ser mexido. Nesse período, até lá, os clubes têm que se organizar começar a buscar alternativas, como investidores do exterior. Porque existem muitas outras possibilidades de receitas, como streamings e jogos de apostas, para serem incrementados.
Participantes
Bom frisar que a criação da liga não significa uma virada de mesa. Os clubes que vão participar da liga na primeira divisão são os clubes que estarão na primeira divisão. Os clubes que participarão da liga da segunda divisão são os clubes que estariam na segunda divisão. Todas essas questões foram levantadas. Acho que a gente olha para trás e busca como aprendizado, para que não se cometa os erros daqui pra frente.
Exemplos
E um primeiro momento, o modelo de divisão econômica é o que os clubes já aceitaram, no 40/30/30, que envolve performance e número de jogos transmitidos. O que a gente tem que criar são alguns mecanismos. Na Série B, por exemplo, pagam muito menos do que a competição merece. E como o valor de resultado na Série A é pago até o 16º colocado, quem é rebaixado chega na Segunda Divisão sem uma segurança.
MUDANÇA DO SISTEMA ELEITORAL
Para concorrer à presidência da CBF, era necessário ter o apoio com assinaturas de oito federações, cinco clubes da Série A e três clubes da Série B, o que dificultava. Os clubes pediram para mudar o estatuto, podendo ter 13, mas não precisando ser confederações ou clubes. Podendo ser somente clubes, ou somente federações, por exemplo.
Outra questão é o peso do voto. Antes federações e clubes da Série A tinham peso unitário. Com a entrada dos clubes da Série B, os votos das federações passaram a valer três, os da Série A dois, e os da Série B um. Ou seja, não mudou nada. Federações seguiram comandando.