Com apenas 12 anos, ela já tinha o sonho de ser campeã mundial de squash. Incentivada pela mãe, Katia Serafini, a caxiense Thaisa Serafini, 35, começou a praticar o esporte aos 10 e nunca mais parou.
— Acho que sempre gostei muito de esporte, mas eu era muito tímida. Então, a hora que a minha mãe me colocou no squash, que era um esporte individual, me senti um pouco melhor. E me lembro de ser pequena, com talvez uns 12 anos, e já sonhar em ser campeã mundial. Já tinha bem claro que era o que eu queria fazer: jogar campeonatos — relembra.
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A partir de então, Thaisa começou a se dedicar ao esporte. Aos 15 anos, começou a disputar competições na categoria profissional de squash. E, dois anos depois, teve a oportunidade de representar o Brasil em alguns campeonatos, como o Sul-Americano e o Pan-Americano.
— A primeira competição foi no Equador, em Quito. Eu tinha 17 anos. Então, acho que foi em 2002. Lembro que estava bem nervosa. Eu era a única juvenil na equipe. Então, fiquei como número quatro. Foram quatro jogadoras. Eu não joguei todos os jogos, fiquei na reserva. Mas tiveram alguns jogos que eu disputei e foi uma grande experiência — conta a caxiense.
Na carreira, são diversas disputas de campeonatos e uma coleção de títulos:
— Tenho 10 títulos nacionais. A primeira vez que fui campeã brasileira, tinha 20 anos. Eu ganhei da Karen, que foi e é ainda uma grande jogadora. Na época, ninguém conseguia ganhar dela e aí eu fui lá e venci. É uma grande vitória que eu tenho, de superação. Depois, meu melhor ranking mundial foi a 56ª posição. Joguei várias competições marcantes. Venci uma etapa do Circuito Mundial de Squash, em São Paulo, e outra no Equador. Tive mais títulos de campeã caxiense, gaúcha, mas esses são os mais importantes na minha carreira — relembra a jogadora, que segue atuando em alto nível:
— No ano passado, em 2019, fui vice-campeã sul-americana, em um campeonato aqui no Brasil. No individual, fui medalha de prata e por equipes a gente conquistou o ouro. Então, também tenho algumas conquistas, em pan-americanos e sul-americanos.
No entanto, quem vê a quantidade de títulos e campeonatos disputados, não imagina as dificuldades que Thaisa enfrentou para chegar ao topo.
— Com certeza, não é fácil ser atleta no Brasil. Tem muita dificuldade, questão de patrocínio. Eu mesma, quando comecei a jogar o Circuito Mundial, não tinha patrocínio. Então, fiquei nos Estados Unidos, arrumei um emprego lá, num clube. Dava aulas de squash para conseguir dinheiro para conseguir jogar o Circuito. Meus pais não tinham condições de me bancar, então essa foi a maneira que arrumei para jogar. Fiquei lá fora, morando lá, trabalhava, dava aula, treinava e viajava para jogar os campeonatos — relembra.
Para as meninas que sonham em construir uma carreira no squash ou em qualquer outra modalidade, a caxiense aconselha:
— Eu diria para elas: jamais, em hipótese alguma, desistam. Se elas acreditam, se elas sonham, se realmente são apaixonadas pelo que elas fazem, se realmente acreditam, elas têm que continuar, que de alguma maneira dá certo. Talvez, a pessoa sonhe em chegar numa posição e, às vezes, não consegue atingir. Mas, com certeza, se ela deu o melhor, continua sendo uma grande vencedora. É acreditar, persistir, lutar, treinar, ter disciplina, que vai dar certo. Uma hora, ela vai encontrar alguns caminhos. Eu, por exemplo, não conseguia patrocínio, tive que trabalhar, mas era o que queria e queria muito. Então, de algum jeito ou de outro, dá certo.
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