Quarta-feira, 26 de agosto de 2020, Caxias e Grêmio voltarão a se encontrar numa final de Campeonato Gaúcho dentro do Estádio Centenário. Lá se vão 20 anos e 73 dias que separam esta daquela noite fria de 14 de junho de 2000, o dia em que o clube grená dava um passo enorme na sua história e conquistaria o maior título da sua história. Uma quarta-feira para nenhum grená esquecer.
— Nosso vestiário era otimista. Nossa equipe tinha uma postura só, uma regularidade dentro da competição que nos deu um nível de confiança elevado para a final. Fomos felizes contra o Grêmio, porque a gente sabia exatamente o que deveria fazer dentro de campo. Claro que quando você inicia diante de um Grêmio, que a gente faz um gol cedo, aquilo aumentou a confiança da equipe e jogamos no nosso natural. Fizemos 3 a 0, mas foi um jogo fantástico — recorda Maurício, o camisa 10 grená naquela época.
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O cenário era bem diferente de 2020. O Caxias estava embalado, a ponto de quatro dias antes, em 10 de junho, o técnico Tite encarar o mesmo Grêmio com time misto, na última rodada do segundo turno do octogonal. Foi a oportunidade para recuperar alguns atletas, como Maurício. O meia estava voltando de uma lesão no púbis e esteve em campo naquele empate sem gols para recuperar o seu ritmo e estar pronto para o primeiro grande jogo da história grená.
A estratégia de Tite se mostrou correta, porque o time não perdeu ritmo e nem o jogo. Ganhou ainda mais confiança e atropelou o time tricolor na primeira partida. Sequer a influência política tricolor para conseguir adiar a segunda partida, do dia 18 para 21 de junho – sob alegação das fortes chuvas na Capital gaúcha –, tirou o título inédito.
— O Grêmio quis ganhar um tempo a mais de preparação e quebrar o nosso ritmo, porque quando você vence o jogo da quarta, domingo você quer estar em campo de novo para conseguir o resultado. Lembro bem que quando não teve esse jogo, voltamos de Porto Alegre e o Tite marcou o treino para segunda de manhã, estava muito frio em Caxias. No aquecimento, eu senti o adutor e fiquei fora da final. Eu não vinha 100% fisicamente e fiquei fora do segundo jogo. Foi muito triste pessoalmente, mas ao mesmo tempo o Márcio vinha crescendo de rendimento e fez uma grande partida — recorda o camisa 10.
O título marcou a história de todo aquele grupo de atletas e do técnico Tite. O clube também subiu de patamar no cenário do futebol nacional, tanto que no ano seguinte quase conseguiu um acesso à Série A do Brasileirão com a mesma base de equipe.
— Eu estava há quatro temporadas na Europa, em Portugal, e ainda não tinha um título de expressão na carreira. O Gauchão com o Caxias foi um prêmio na minha carreira. Guardo com muito carinho e tenho certeza que o torcedor também. No ano seguinte, batemos na porta e quase subimos para a Série A. O Caxias não estava bem financeiramente, mas tinha jogadores comprometidos. Conseguimos transformar o Caxias em um clube conhecido nacionalmente — recorda Maurício.
Recordar é viver, mas também é preciso novos capítulos. Essa é a torcida do ex-camisa 10 grená. Do que ele viu da equipe treinada pelo técnico Lacerda, Maurício acredita que o time tem chances de título se recuperar aquele futebol do primeiro turno.
— Desejo toda sorte do mundo para esse Caxias de 2020. Que os jogadores acreditem muito no seu potencial e no grupo. É um time vencedor, ganhou o primeiro turno jogando muito bem. Espero que eles retomem aquela harmonia do primeiro turno e consigam, diante do mesmo Grêmio, o bicampeonato — encerra Maurício.