“O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas”. Essa é uma frase histórica do técnico da seleção italiana na Copa do Mundo de 1994, Arrigo Sachi, e que se aplica perfeitamente ao atual momento do mundo. Em meio à pandemia, sem as aglomerações, primeiro os torcedores foram impedidos de ir ao estádio. Logo em seguida, nem isso. Os jogos foram suspensos e as competições paralisadas.
Nesta quarta-feira (3), completam-se exatamente 80 dias sem a coisa mais importante, dentre as menos importantes na vida dos mais apaixonados pelo esporte. São 80 dias longe dos estádios e do sentimento de amor pelo clube do coração. Junto com o sentimento de saudade, bate aquela memória afetiva para relembrar bons momentos. Por isso, vamos começar a viajar pelo “Histórias de Torcedor”.
O primeiro personagem da série é jovem, torce para o Caxias por influência do pai, tem como ídolo Jajá, campeão gaúcho de 2000, e costuma assistir aos jogos sempre nas sociais do Centenário, em pé, do lado que o time está atacando. Eduardo Guerra Boff, 22 anos, desde criança acompanha o clube do coração e nunca ficou tanto tempo sem poder ir às partidas e torcer.
– Sinto muita saudade, principalmente de encontrar os meus amigos. Ir para o estádio é um ritual: chegar cedo, se reunir, conversar, dividir a expectativa do jogo e pensar o futuro da competição. Esse convívio é o que mais faz falta – diz o torcedor.
Eduardo Boff, ou Dudu, como é conhecido pelos amigos, tem uma ligação direta com o Caxias. Já jogou nas categorias de base do clube, participou do Conselho Jovem, já se vestiu de Bepe, mascote do clube, assistiu vitórias e derrotas, tudo pelo amor e o legado do pai, Nerio Boff, de 54 anos.
– O sentimento pelo Caxias surgiu em paralelo com meu nascimento. Até hoje, tenho guardado aquele fardamento do Caxias que é pendurado na porta de recém-nascidos. Com o tempo, meu pai trabalhou no clube, e eu ia com ele assistir os treinos. Sempre mantive o hábito, mesmo depois dele sair do clube. Às vezes, meu pai contava as histórias e eu ficava fascinado. Espero seguir o legado que o pai deixou e passar para os meus filhos – lembra Eduardo.
Memória de torcedor
A primeira vez no Estádio Centenário foi num amistoso, em 1998, entre o Caxias a e seleção da Jamaica. Outro jogo marcante acompanhado das arquibancadas foi a semifinal da Taça Piratini de 2012. Caxias e Grêmio empataram em 1 a 1 no tempo normal e a equipe grená venceu por 5 a 3 nos pênaltis.
Na lembrança, um fato inusitado que ocorreu, em 2004, ano em que o Caxias estava na Série B do Campeonato Brasileiro. A campanha era ruim, mas Mano Menezes assumiu o time e quase classificou para a segunda fase. Faltou um ponto. Eduardo estava próximo de completar sete anos e ali conheceu seu ídolo.
– Em 2004, tinha seis anos e faria sete. Tinha meu aniversário. Normalmente, fazíamos numa pizzaria com os amigos. Estávamos lá, mas de repente acontece uma movimentação estranha e aparece o Jajá e o Bruno Carvalho. O Jajá era meu ídolo de infância. Lembro que me escondi atrás do pilar da pizzaria, de vergonha, e eles me presentearam com uma camisa. Foi um momento mágico. O engraçado é que o técnico Mano Menezes foi junto e eu nem me importei na hora (risos) – lembra o torcedor.
Ficha do torcedor
Nome completo: Eduardo Guerra Boff
Idade: 22 Anos
Um Jogo marcante do Caxias: Semifinal da Taça Piratini 2012 - Caxias 1 x 1 Grêmio (5x3 nos pênaltis)
Um ídolo do Caxias: Jajá (2000, 2004, 2007)
Um gol do Caxias: Segundo gol do Palácios no Ca-Ju, em 2010
Por que torce pelo Caxias? Influência direta do meu pai
Qual o primeiro jogo no estádio? Caxias x Seleção da Jamaica, em 1998
Costuma assistir os jogos em que parte do estádio? Nas sociais, em pé, acompanhando o lado que o time está atacando.
Costuma assistir os jogos com quem? Assisto os jogos com meu pai, meus amigos e os amigos dele.
Ouça a série na Rádio Gaúcha Serra