O Juventude é formador e valoriza sua base, pois alguns jovens podem se transformar em bons nomes para o time profissional ou até em negociações para ajudar na saúde financeira do clube. Porém, como não poderia deixar de ser, a pandemia teve reflexos na gurizada. As categorias de base do clube estão paralisadas desde o dia 16 de março, antes mesmo das deliberações e decretos restringindo as atividades. Os jogadores e profissionais foram liberados. A partir daí, os trabalhos passaram a ser realizados de maneira online para tentar minimizar os efeitos.
Agora, fica a incógnita: como o futebol de base irá conseguir retornar com tantos cuidados e protocolos que observamos no profissional? Pensando nisso, o Juventude está montando um plano de contingência para tornar viável uma volta segura.
– As atenções estão voltadas para o profissional e com toda razão, porque tem a inserção de patrocínios e verbas. A base não tem isso, a não ser nas negociações. Por uma posição da nossa direção da base, estamos fazendo um plano de segurança. Se voltarmos, o que isso vai gerar de custo para o clube com tantos protocolos de prevenção – explica o gerente de futebol das categorias de base do Ju, Lúcio Rodrigues.
O Juventude faz um levantamento de todo o custo desse plano de retorno e as alternativas para colocar em prática. Inicialmente, por exemplo, se o clube não puder utilizar os alojamentos, poderá não ter o retorno de alguns atletas. Caso voltassem, teria que alugar apartamentos. Tudo isso é custo. Outras situações como transporte para treino, local para as atividades, refeições, isolamento nos vestiários e na rouparia, equipamentos de proteção individual e os testes estão sendo estudadas.
A categoria de base do Juventude possui 14 funcionários. Entre preparadores físicos e de goleiros e treinadores, são nove nas três categorias, sub-15, sub-17 e sub-20. Além disso, um massagista e uma rouparia para atender toda a base. Também há um gerente, um analista de desempenho, um assistente administrativo responsável pela logística e contratos e um captador de talentos. Com a pandemia e os cortes nas finanças, o clube adotou reduções para esses profissionais junto à medida provisória 936 do governo federal.
Ao todo são 120 atletas, sendo 29 com contrato profissional e seis que estão no profissional (goleiro Deuner, zagueiro Kelvin, lateral-esquerdo Dimitry, volante Lucas Serafini, meia Gilson e atacante Gabriel Aires).
– Temos 23 jogadores que tem que seguir a legislação, porque são funcionários com carteira assinada. Se nós tivermos que voltar, qual vai ser o cenário econômico para a base? Tudo isso pode ter uma demora. Será que equipes menores estarão preparadas na estrutura para não acontecer a contaminação? – questiona Rodrigues.
Além da base, o Juventude tem um trabalho reconhecido na sua Escola de Futebol, que conta com jovens atletas, entre sete e 14 anos. As atividades também seguem suspensas para os pequenos.
– Numa perspectiva bem legal, com o Orlei Moraes, diretor da escola, o Cumerlato e o Fasoli, diretores da base, estamos nos aproximando bem. Nós entendemos que quando o jogador das escolinhas chega aos 12 anos, embora não tenhamos na base categoria 12, 13 e 14, temos como vincular através do documento de iniciação desportiva. O Contrato de Formação somente é permitido a partir dos 14 anos – destaca o gerente da base.
Retorno das competições
Desde a queda do Juventude em 2018 para a Série C de 2019, o clube teve uma queda de 65% no orçamento nas categorias de base. Mesmo assim, manteve um trabalho de excelência sob o comando dos diretores Alexandre Fasoli, Antônio Cumerlato, Celso D’Agostini e Frederico Madalosso. O clube trabalha agora com o cenário de retorno das competições.
Os estaduais sub-17 e sub-20 começariam em abril e o sub-15 em maio. No entanto, estão suspensos. Até aqui, existe apenas uma sinalização de retorno do sub-20 em setembro.
– Nós tínhamos três cenários. Dois já passaram. Um em junho e outro em julho. Claro que a volta da competição em setembro, com toda a segurança, é muito mais tranquila. Vamos levantar os custos de tudo que significa voltar os treinos do sub-20 em agosto – diz Rodrigues.
Cada clube deverá analisar a sua situação financeira para ajustar o protocolo a ser implantado e, assim, definir se poderá ou não participar da competição. Quem não tiver condições de jogar, não será punido.