Em meio à pandemia da covid-19, cada um tem sua história e suas dificuldades. O meia Diego Miranda, ex-Caxias, tem algo para ser compartilhado como experiência de vida. O jogador atua no futebol da Arábia Saudita desde agosto do ano passado, no Al-Jabalain, equipe da segunda divisão do país.
Após a paralisação do futebol, começou uma saga para retornar ao Brasil. E não foi nada fácil. O governo saudita decretou toque de recolher e o fechamento das fronteiras. Sem previsão para deixar o país, o atleta passou por momentos de incerteza e até medo.
No entanto, após um mês de tentativas mal sucedidas, na semana passada tudo mudou. Diego Miranda e outros profissionais brasileiros, como o ex-goleiro do Grêmio, Marcelo Grohe, do Al-Ittihad, e Fábio Carille, ex-técnico do Corinthians, conseguiram um voo de repatriação providenciado pela embaixada brasileira.
– Foi muito difícil. Estávamos tentando retornar havia mais de um mês. A gente entrava em contato com a embaixada, mas não tinha retorno. No final de abril, conseguimos esse voo. Inicialmente seria só para profissionais do futebol, depois conseguimos liberar para outras pessoas. Fiquei triste porque alguns brasileiros permaneceram lá ainda, mas feliz por todos que vieram e chegaram bem – disse o meia.
Neste voo, aproximadamente 180 pessoas embarcaram de volta para o Brasil, sendo 50 jogadores e profissionais do futebol. Além de Diego Miranda, Marcelo Grohe e Fábio Carille, outros nomes conhecidos, como Alemão, ex-zagueiro do Avaí, e Anselmo, ex-volante do Sport, também conseguiram retornar. A viagem de Diego Miranda foi uma verdadeira saga.
Primeiro, a saída de Hail, cidade onde ele morava. Dali foram 900 quilômetros de ônibus para pegar um voo em Riad, capital saudita. Depois, foram quatro escalas dentro do país, Etiópia, África do Sul e, enfim, São Paulo. Ao chegar à capital paulista, Diego foi novamente de avião para Porto Alegre e, por fim, mais quatro horas de carro até Sertão, sua cidade natal. No total, foram três dias de viagem.
– Eu e minha esposa ficamos apavorados. Fazia tempo que a gente tentava e não tinha uma resposta. Depois, a viagem foi muito complicada e desgastante. Ela poderia durar uma semana ou até um mês, mas o mais importante é chegar bem e com saúde – disse o jogador, que chegou ao Brasil no dia 29 de abril.
Realidade na Arábia
Diego Miranda deixou o Caxias e está desde 2019 no clube saudita. Com contrato próximo do fim, já jogou a Liga Local e a Copa do Rei. Ainda faltam 10 jogos para encerrar a temporada, que normalmente começa em agosto e termina em maio do outro ano. No time de Diego jogam mais três brasileiros.
– Muitos vão para lá porque é um mercado bom. Vamos pensando na questão financeira. A Arábia tem muito dinheiro e clubes bons para se jogar– revelou.
Sobre o coronavírus, segundo números da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Arábia Saudita tem mais de 35 mil casos confirmados, com 229 mortes. O país tomou inúmeras medidas de prevenção no início e evitou uma propagação maior da doença.
– Faz dois meses que não há atividade nenhuma. A Federação Saudita, quando começou a pandemia, encerrou todas as atividades. Estávamos fazendo exercícios em casa. Em questão de segurança e saúde, a Arábia Saudita é muito forte. O príncipe o rei prezam muito por isso. Eu fiquei com medo de retornar e até falaram para a gente ficar lá – finalizou o atleta, que pretende retornar ao país, mas ainda não tem previsão para a retomada das atividades.