A dificuldade financeira, neste momento de pandemia, atinge todas as áreas. No futebol, não é diferente. Se os grandes clubes do Brasil e do mundo encontram obstáculos para fechar suas contas, imaginem a situação de equipes menores e que estão sem nenhuma divisão nacional, e tem receitas infinitamente menores. É o caso do Veranópolis.
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A equipe da Serra disputa a Divisão de Acesso do Gauchão e não está em nenhuma das quatro divisões do futebol brasileiro. Em seu perfil no Facebook, o técnico do Veranópolis, Cristian de Souza, fez um apelo:
- Se mexe CBF! A entidade que mais fatura com o nosso futebol precisa ajudar os menores clubes, os sem séries, são os que mais empregam no país, na sua esmagadora maioria, jogadores e funcionários que passam a maior parte do ano sem emprego - escreveu o treinador, porque a entidade não irá repassar ajuda financeira para clubes que estejam fora das Série A, B, C ou D do futebol brasileiro:
- É complicado. Ficamos esperando um posicionamento da CBF, em virtude dos times que não têm divisão nacional. Pelo jeito, essa ajuda não virá. Os clubes estão em situação difícil, fazendo acordo com os jogadores, com perda para ambos os lados. Fica um compromisso longo para os clubes e a grande maioria dos jogadores tem que reduzir seus ganhos. Esses clubes são mais de 400 no país e são os que mais empregam. Jogadores, funcionários e comissão, normalmente, não se empregam o ano todo. É um mercado difícil.
O técnico Cristian de Souza acredita que se a CBF não ajudar os clubes menores, sem divisão nacional, grande parte deles poderá encerrar as atividades e causar desemprego em larga escala.
- Se não vier ajuda superior, do nosso órgão regulador, que é a CBF, a maioria dos clubes vai fechar as portas, gerando grande desemprego e prejuízo incalculável para o futebol - analisa o treinador, que além do apelo, faz até uma sugestão:
- Existe cálculos sobre valor. Um montante, por exemplo, de R$ 100 mil para um clube sem divisão, esse clube já consegue se manter por dois ou três meses. Existem alguns órgãos que calcularam valor que seria bem razoável. Isso poderia ser até em forma de empréstimo, seria uma.
Solução e receio
Com as competições paralisadas devido à pandemia do novo coronavírus, os clubes tiveram que suspender os contratos dos atletas. Além disso, a receita dos jogos e patrocinadores inexiste neste momento. Segundo o treinador, na Divisão de Acesso, algumas equipes podem até desistir.
- Meu maior receio é o fechamento de vários clubes. Não havendo acordo entre clubes e atletas, vai ter muita ação judicial. Sabemos que a maioria dos clubes estão com muita dificuldade, antes mesmo da pandemia, imagina agora. Na própria Divisão de Acesso, muitos clubes estão pensando em desistir da competição - analisa o técnico.
Cristian de Souza entende que o momento é ideal para se discutir o calendário do futebol brasileiro. Os clubes grandes precisam de um período de jogos mais organizados e os menores necessitam atuar por mais tempo durante a temporada.
- Agora é a grande chance de revermos o calendário. Teria que ter uma boa vontade política. Teria que partir da CBF, passa para as Federações e chega aos clubes. Fazer um calendário organizado, saudável, que os clubes grandes possam jogar de uma forma mais racional e que os pequenos tenham, no mínimo, sete ou oito meses de atividade. Essa pandemia pode ser a grande oportunidade de rever a oportunidade - finaliza.