O mundo busca frear os impactos do novo coronavírus, através de cuidados e as providências como o isolamento social. O esporte pelo mundo está paralisado e no aguardo do retorno das competições de todas as modalidades. Tudo pela saúde. Mesmo com a pandemia afetando todo o planeta, a Turquia, por exemplo, foi um dos últimos países a suspender as atividades no futebol.
Pedro Henrique Konzen, 29 anos, ex-jogador do Caxias, está no Kayserispor, clube da primeira divisão. Desde agosto do ano passado no time, o meia-atacante, natural de Santa Cruz do Sul, vive em Kayseri, cidade com 300 mil habitantes e que fica a cerca de 600 km de Istambul, principal centro econômico do país. Por lá, o campeonato só foi suspenso no dia 19 de março.
— Lembro que a gente jogou uma partida sem público em casa e tinha uma rodada confirmada para Istambul, contra o Fenerbahçe. Mas, um dia antes, cancelaram. Nós, jogadores estrangeiros, estávamos preocupados, mas felizmente tomaram a decisão correta — lembra o jogador.
Pedro Henrique despontou no Caxias em 2010, e também já atuou no Grêmio. Em 2011, com a camisa grená, atuou em 24 partidas e marcou três gols. Depois disso, saiu do país.
A experiência na Turquia é a sexta no velho continente. Antes, o atacante defendeu o Zurich, na Suíça, o Rennes, na França, o Qarabag, em Azerbaijão, o Astana, do Cazaquistão e o Paok, da Grécia. No país turco, vive dias de incerteza e expectativa pela volta à normalidade.
— Não está sendo nada fácil. Tínhamos uma agenda muito corrida com treinos, viagens, jogos, e do nada precisamos parar. Já são duas semanas de quarentena só indo ao mercado — disse o atleta, que está na companhia da esposa, da filha e da sogra, e vive uma rotina totalmente inversa ao normal:
— É uma situação nova e única. Por vezes, você está fora de um jogo por suspensão ou lesionado e sabe que vai voltar em determinado momento. Agora, é por tempo indeterminado. A gente vinha numa sequencia de jogos importantes na reta final do campeonato. Estávamos num momento bom. Para o corpo assimilar é difícil, porque jogamos numa intensidade alta.
Rotina alterada
Entre exercícios para manter a forma em casa, com foco na manutenção muscular, Pedro Henrique também aproveita o tempo de isolamento para brincar com a filha de quatro anos.
— Nos primeiros dias descansei bastante, porque vínhamos de jogos disputados. Depois comecei a fazer exercício de mais estabilização e brincar bastante com a minha filha, pois estava quase três meses longe dela — recorda o jogador.
A Turquia segue com uma série de medidas preventivas, com restrições e fechamento de espaços públicos. O presidente, Recep Tayyip Erdogan, fez a doação de sete meses do próprio salário para ajudar os cidadãos com problemas econômicos derivados das medidas tomadas contra a pandemia. O futebol ainda não realizou definições como diminuir os salários dos atletas.
— O futebol não vai ficar fora disso. Não fomos comunicados oficialmente sobre redução ou não pagamento. A gente não sabe exatamente, mas acredito que alguns efeitos irão acontecer com os clubes turcos sem bilheteria, sem dinheiro da TV. A saúde financeira do clube deve sentir — explica Pedro.