22 de fevereiro de 2020. Poderia ser apenas uma final do primeiro turno do Campeonato Gaúcho, com dois clubes tradicionais do Rio Grande do Sul: Caxias e Grêmio. Só que quando o árbitro Leandro Pedro Vuaden apitar pela primeira vez e a bola rolar, às 16h30min, no gramado do Estádio Centenário, iniciará um jogo fundamental para a vida do clube grená. Vai muito além da Taça Ewaldo Poeta. Vale o 2020, vale a retomada do orgulho do torcedor e, acredite, a próxima temporada.
— Esse título seria a segurança e já uma boa parte de 2021 resolvido. Além da taça e de ir para os dois jogos que definirão o campeão gaúcho de 2020, nos daria uma garantia da Copa do Brasil. Além disso, esses dois jogos (da final) dariam uma condição de renda muito boa. É a subsistência do clube. É o equilíbrio e o planejamento para o ano que vem — afirma o presidente Paulo Cesar Santos.
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O lado financeiro pesa e muito para o Caxias, que tem um déficit calculado em R$ 2,5 milhões neste ano. Mensalmente, R$ 100 mil são direcionados diretamente ao Profut. Isso reduz a capacidade de investimento quando o assunto é o futebol. Só que existe algo ainda maior nesse bolo. A decisão pode ser um marco de reconciliação com aqueles torcedores que vêm esvaziando as arquibancadas a cada fracasso na hora do acesso nacional.
Um clube de futebol não tem motivos para existir se não tiver aficionados. E o cenário é alarmante em Caxias do Sul. Voltando oito anos no tempo, o Caxias eliminava o Grêmio, em 26 de fevereiro, na semifinal da Taça Piratini – primeiro turno do Gauchão de 2012, que viria a conquistar três dias depois – com um Centenário cheio de camisas grenás. Apenas a ferradura norte era ocupada por gremistas. Um ano depois, eram 17 mil torcedores vendo o time perder o acesso para a Série B, contra o Luverdense. Em 2018, cerca de sete mil caxienses estavam no Centenário acompanhando a eliminação para o Treze-PB, na Série D. E, no ano passado, pouco mais de quatro mil assistiram Rafael Gava desperdiçar um pênalti que poderia decretar o retorno à Terceira Divisão diante do Manaus-AM.
Neste sábado, o Centenário estará dividido quase em meio a meio. Cerca de sete mil tricolores devem lotar a ferradura leste e a reta da geral. Em uma estimativa otimista, mais de cinco mil torcedores estarão no lado do Caxias. Isso incomodou muito os grenás de fé, mas o dinheiro falou mais alto.
— A receita desse jogo é muito importante. Pedimos a compreensão do torcedor na venda de ingressos para o Grêmio. Isso é fundamental para podermos projetar a manutenção das condições financeiras. Toda e qualquer receita é importante — ressalta o mandatário grená.
Se o quadro não se mostra favorável fora de campo, é dentro das quatro linhas que tudo pode mudar. O Caxias tem o melhor time do Interior e, no momento, é o único capaz de incomodar os gigantes da Capital. O grupo de jogadores, capitaneado por Rafael Lacerda, é a grande arma para a reconstrução da S.E.R. Caxias, e tudo passa pela final da Taça Ewaldo Poeta.
É o jogo da retomada.
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