– O rúgbi, apesar de parecer um esporte truculento e de uso de muita força, na verdade faz com que os meninos utilizem a concentração e a obediência tática para o que é definido. Isso é importante para que eles compreendam todo esse processo.
Leia Mais
Lapidando Cidadãos tem no tênis um meio de criar novas perspectivas às crianças de Vacaria
Projeto de Vacaria usa o esporte como ferramenta de desenvolvimento para 480 crianças
Essa definição do esporte poderia ser de um treinador, de um jogador ou até de um aficionado pela modalidade. Mas, na verdade, quem diz isso é o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ramiro Pigozzi, Antônio Leite, 53 anos. Um leigo sobre as regras e as jogadas, mas que vê a parceria do Serra Gaúcha Rugby com a instituição na qual está à frente dar muito certo nos últimos anos.
A junção surgiu em meados de 2013, quando os clubes de rúgbi da cidade entenderam a necessidade que havia de difundir o esporte, e abriram pequenos cursos sobre a modalidade voltados aos professores. A escola Ramiro Pigozzi foi uma das pioneiras em abraçar essa ideia, e ter no campo do bairro Arco Baleno as primeiras turmas das categorias de base do rúgbi. Aulas inteiramente grátis e para quem estivesse afim de participar. Começava ali uma caminhada diferente até para o Serra.
– O projeto social veio para quebrar esse paradigma e para que os alunos conhecessem o rúgbi. Depois, eles pegam o gosto e vão praticando. Surgiu também da necessidade em ter atletas treinando e participando das competições (de base) – destaca Muray Lissot, o diretor do Serra Gaúcha, que complementa sobre como é este primeiro contato dos meninos e meninas com a modalidade:
– No início, eles não conhecem. Então, tudo é novidade. Mas eles vão vindo, gostando e chamando os amigos. Esse é o nosso melhor cartão. Um fala para o outro do esporte, como gostam daqui e assim vão enchendo as turmas.
Esse cartão de visitas é visível na fala dos cerca de 15 meninos, com idade entre 13 e 16 anos, que formam o time sub-16 do Serra Gaúcha. O esporte os conquistou e agora eles tentam levar mais gente para esse convívio.
– (Já trouxe) em torno de cinco pessoas. Falei para eles que valeria a pena e, se eu gostei, eles vão gostar também – conta Yago Ferreira da Conceição, 14 anos.
Caso semelhante vive Rômulo Cassel Fruck, 16, que sai do bairro Salgado Filho toda sexta-feira à tarde para treinar no campo do Arco Baleno, junto com mais alguns colegas de time. Essas são histórias construídas dentro de uma modalidade pouco difundida no Brasil, mas que conquistou os meninos não só pelo jogo coletivo, pela bola oval, o contato físico ou a busca por um try (ponto). Vai muito além.
– É uma filosofia de vida, ensina muitas coisas. Tem que pensar, não é só força. É mais estratégico. Por exemplo, eu que jogo na ponta tenho que saber para quem passar a bola, se não me derrubam e a gente perde a posse – explica Rômulo.
Assim, em diferentes modalidades, o esporte vai mudando vidas e o mundo no qual esses jovens estão inseridos.
Ouça a reportagem especial: