O futebol é passional, mesmo para quem faz do esporte o seu meio de vida. Alguns momentos são tão intensos que criam laços entre profissionais e as agremiações. Um treinador bem específico chamou atenção do Brasil nos últimos anos, justamente pela proximidade que conquista facilmente com as arquibancadas por onde passa: Luiz Carlos de Lorenzi ou, simplesmente, Lisca. Essa fama surgiu no dia 22 de setembro de 2013, no Estádio Alfredo Jaconi.
“Lisca, Lisca Doido” já era ecoado entre os Jaconeros, mas faltava um passo para que o treinador se tornasse um ídolo do Juventude: o acesso. Ele veio naquele dia, após um 0 a 0 encardido com o Metropolitano. O alviverde saía, enfim, da Série D. Se na segunda-feira (9) a equipe busca um retorno à Série B contra o Imperatriz, às 20h, isso tudo começou em 2013.
— Foi um campeonato que brigamos muito para recolocar o Juventude num cenário de calendário cheio. Voltar para a Série C. Dar um primeiro passo, que é sempre o mais complicado. E combinou com o centenário do clube, é um orgulho muito grande para nós estarmos ali. Conseguimos isso com muita unidade de torcida, jogadores e diretoria – lembra Lisca.
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São poucos paralelos que se pode traçar entre a conquista de 2013 e a decisão de 2019. O clube, por mais que estivesse em comemoração dos seus 100 anos, vivia uma situação financeira complicada. O custo para montar um time para brigar por acesso era alto e o poder de investimento mínimo. Os formatos de competição são opostos. Mas há um ponto em que a Papada pode se apegar, como bem recorda Lisca:
— Me lembro da força dentro do Jaconi, nossa campanha foi quase toda feita dentro de casa. Nós ganhamos apenas uma partida fora, contra o Penapolense (2 a 1, no dia 1º de junho), e que nos classificou na primeira fase. Depois tivemos bastante dificuldade fora, mas dentro de casa era nossa vantagem. Chegamos numa marca incrível de invencibilidade (52 partidas como mandante), que já vinha de outros treinadores e eu pude aumentar.
De novo forte em seus domínios, o Ju tenta retornar à Série B. Confiança no trabalho de Marquinhos Santos e seu grupo de atletas não faltam nos últimos dias. As apresentações do time desde a chegada do treinador criaram um ambiente propício para que o torcedor vislumbre uma Série B em 2020. Para Lisca, que acompanhou boa parte do torneio, é momento de atenção total.
— O Imperatriz fez um bom jogo lá e virá fechadinho, jogando no erro do Juventude. Agora é a parte final, sempre a mais difícil, que é consolidar o trabalho. O Marquinhos é um treinador que eu gosto muito, tive a oportunidade de falar com alguns torcedores do Ju e dizia que era um técnico que daria conta do trabalho. É um jogo que não adianta se atirar para resolver, tem que manter a organização. O Juventude é muito forte dentro do Alfredo Jaconi de novo, tem vencido com autoridade e acho que chegou bem preparado — opina o ex-treinador alviverde.
Na segunda-feira, Lisca será mais um doido em meio a Papada. Isso mesmo, o ídolo da conquista de 2013 estará em meio aos mais de 15 mil Jaconeros que deverão lotar o Jaconi em busca de mais um acesso:
— Vou estar. Vou com a minha esposa, a Dani, e deu a coincidência de não estar trabalhando. Vou rever alguns amigos, passear em Caxias e ver o jogo do Ju. É um momento especial para se juntar à torcida e, se Deus quiser, comemorar o acesso à Série B.
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