Sexta-feira, feriado, tempo amarrado e temperatura em Caxias do Sul na casa dos 10ºC. Isso não foi empecilho para que as meninas do time sub-18 do vôlei do Recreio da Juventude estivessem no ginásio do clube treinando em ritmo forte.
O tempo ruim nunca foi desculpa, ainda mais às vésperas de outra etapa do Estadual, que ocorre na manhã de sábado, no clube caxiense, a partir das 9h. Elas estão invictas, perderam apenas um set e querem o terceiro título no ano – já ganharam o Torneio Início e a Copa Cláudio Braga.
O quanto vale tudo isso? Chegar à seleção brasileira de base e, quem sabe, ser profissional daqui a alguns anos. Parte desse caminho foi traçado por Kátia Larissa Machado, que agora tem seu rosto estampado em um banner na parede do ginásio do Recreio. Na semana passada, ela conquistou a medalha de bronze com a seleção no Mundial sub-18, realizado no Egito. Um exemplo do quão forte é o vôlei na Serra Gaúcha.
— Foi emocionante. Fiquei nove meses parada (em 2018), porque eu tenho uma filha. Então, para voltar foi muito difícil e ainda mais para recuperar a forma física. Acabei entrando no ritmo das meninas e fiquei feliz quando fui convocada. Foi muito especial — conta Kátia, que fará 17 anos no próximo dia 4 de outubro.
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Foram pouco mais de 20 dias no país africano, convivendo com as melhores jogadoras da sua categoria. O Brasil terminou na terceira colocação, com seis vitórias e duas derrotas – para a China, na primeira fase, e os Estados Unidos, na semifinal.
— É um nível muito mais forte e deu para se ter uma ideia do que preciso melhorar. Foi sensacional, fomos um time que se superou muito na competição e o que fez a diferença foi a nossa união — ressalta a jovem central.
CONFIRA A PARTICIPAÇÃO DE KÁTIA NO SHOW DOS ESPORTES
A convocação e o resultado expressivo chamaram a atenção de todo o clube, no qual ela chegou em 2013. São seis anos de evolução contínua e que a credenciaram para alcançar a seleção. Pontos valorizados pelo treinador Ivan Reisdorfer, de 50 anos:
— A característica principal dela é a persistência. Ela tem foco no objetivo de ser profissional. Com certeza, nos próximos anos irá figurar numa Superliga, porque tem persistência, coragem e muita dedicação.
O primeiro passo foi dado. Kátia chegou à seleção e foi destaque na principal partida da equipe durante a estadia no Egito, a virada de 3 sets a 2 sobre a Rússia, nas quartas de final. Ela saiu do banco no terceiro set e contribuiu diretamente para o resultado. Depois, foi titular na conquista do bronze, com vitória sobre a China.
— A virada contra a Rússia foi sensacional. Quando entrei, fui bem e ajudei bastante o time, mas aquele jogo foi a nossa base. A Rússia era um time muito forte, foi campeão europeu no ano passado e achávamos que elas estariam entre as finalistas. A virada foi histórica – resume.
O segundo passo pretendido pela menina é mais audacioso: ganhar uma medalha olímpica. O caminho está sendo traçado. Basta manter a persistência.