Do prefeito ao torcedor, do presidente ao centroavante do time. Todos perderam com a queda do Veranópolis para a Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho. Com uma partida de antecedência, o time pentacolor apenas cumpre tabela na última rodada da primeira fase do Gauchão. O adversário será o Brasil-Pel, na despedida da Série A, onde está desde 1994.
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Desde que subiu com Tite como treinador e com o título da segunda divisão em 1993, o Pentacolor não sabia o que era cair. Fundado em 1992, o clube passa pela sua maior frustração na vitoriosa história.
— A nossa propaganda era essa. Até peguei matéria do Pioneiro e levava para os patrocinadores porque o Veranópolis nunca tinha caído. Agora Veranópolis cai. Temos que administrar porque todas as vezes que diziam que estava há 25 anos sem cair, a direção falava que um dia cairia. Não tem como manter, estávamos sempre no fio da navalha quando montávamos o time — lamenta Gilberto Generosi, presidente do Veranópolis.
Símbolo da equipe e torcedor dentro de campo, o volante Eduardinho resume como vergonha a situação de rebaixamento. Aos 35 anos, 11 deles no VEC, a queda do clube para a Série B pode, inclusive, abreviar sua carreira.
— Estou pensando em parar este ano. Acho que a decepção foi muito forte. São 10, 11 anos com a camisa do VEC e nunca pensei em passar por este momento. Sentimento pior possível. Vergonha, angústia. Eu tenho uma identificação muito grande com o clube. Por isso o sentimento é de vergonha. Agora é torcer que o clube possa se reerguer. Fomos incompetentes — disse o jogador, na tarde de ontem, na reapresentação da equipe.
Eduardinho, que foi desfalque em boa parte da competição, se coloca à disposição para defender o VEC na próxima temporada, caso siga em atividade. Neste ano, irá jogar pelo Esportivo na reta final da Divisão de Acesso.
Planejamento drasticamente alterado
Ainda é cedo para pensar em 2020. Mas uma coisa é certa: os custos serão drasticamente reduzidos no futebol. Tudo será debatido no começo do próximo mês, quando a direção parar e avaliar os erros, além de definir como será a nova vida do clube pentacolor.
— Impacta que vamos estar na segunda divisão. É ruim isso. A parte financeira, o planejamento que tinha. Tudo será diferente, em cima do valor que conseguiremos para disputar a Divisão de Acesso. Não temos nem ideia ainda (valores). Vamos conversar com o Novelletto, mas nem ele sabe, porque a primeira divisão também pode perder verbas, imagina a segunda — explica Generosi.
O diretor de futebol Ademir Bertoglio é funcionário do clube e também não sabe de seu futuro. O dirigente, porém, está ciente que todo e qualquer custo será readequado à nova realidade do clube.
— A folha reduziria 80% dos valores atuais. Hoje, os atletas moram todos em apartamento. Na segunda divisão será em alojamento. Muda totalmente a realidade. Além disso, seremos de novo a menor cidade na disputa. Na primeira divisão, ter a mesma cota de times de cidades grandes faz diferença também — explica.
ENTREVISTA: Gilberto Generosi, presidente do Veranópolis
"A Bola não entrou"
O presidente Gilberto Generosi, mesmo abatido com o descenso, espera que a comunidade apoie o clube na Divisão de Acesso. Confira a entrevista:
Motivos da queda
— A bola não entrou. Se analisar todos os jogos, sempre tivemos chances, tivemos bola na trave. E bola na trave não é gol. Aconteceu por causa disso. Poderia ter mais 50 jogos que iríamos cair. O nosso grupo era igual ao do São Luiz, o técnico deles disso isso. Mas eles têm 17 pontos e nós quatro.
Futuro do clube
— Vamos fazer um chamado para a comunidade toda, as empresas e o comércio. Vamos depender de patrocínios locais, desde camisas até a venda de ingressos. Nós temos a intenção de criar um quadro de sócios. É o apelo e mexer com o coração do torcedor, que agora está reclamando, mas isso vai passar e faremos o Acesso com o apoio de todo mundo. Se não largamos por aqui, porque quem toca o Veranópolis são poucas pessoas. Agora, sem dinheiro, é bem complicado.
Definições
— Primeiro faremos o último jogo. Depois daremos uns 10 dias para depois definirmos a estratégia que vamos usar. Mas é triste. A cabeça está que é um trevo, mas é a nossa realidade de hoje.