O Juventude começa no sábado, diante do Figueirense, a segunda metade do Campeonato Brasileiro da Série B. Admitindo que faltou alguma coisa no primeiro turno dentro de campo, mas valorizando bastante o trabalho feito para a reestruturação do clube, Jones Biglia, vice de futebol alviverde, falou do que espera das 19 rodadas que restam na competição.
Em entrevista ao Pioneiro, nas arquibancadas do Jaconi, o dirigente falou sobre o que está sendo feito para tornar o Juventude um clube forte fora e dentro de campo.
Primeiro turno
— Procuramos ter uma equipe competitiva, montar um grupo consistente. Não só 11 atletas, mas jogadores que pudessem substituir, diferente do ano passado quando faltou isso no final. Na pontuação, não ficou dentro do que a gente imaginava. Pensávamos estar um pouco mais acima, com 27 pontos. Era essa nossa projeção. Penso que a parte negativa foram os jogos em casa. Não conseguimos nos impor aqui. Fizemos uma campanha de razoável para boa fora, mas tivemos dificuldades nos jogos no Jaconi. Se tivesse isso, estaríamos fazendo uma campanha de meio de tabela para cima, onde acho que é o lugar do Juventude nesta Série B.
Torcida e imprensa
— É sempre difícil não ter o torcedor em sua integralidade junto. Faz falta. Mas sabemos que quem tem que trazer o torcedor de volta são os resultados. A mesma coisa com a imprensa. Sabemos que é importante apoiar o Juventude nessa volta à Série B, no segundo ano. Desde 2015 nos propomos a reestruturar o clube. E isso não é só virar a chave. Tem um processo. Não tínhamos campo de treinamento. Começamos a Série B sem GPS. Foram investimentos que fizemos. Tudo isso, além de pagar passivos antigos do clube, nos coloca num estágio de não conseguir fazer todas as coisas ao mesmo tempo. O torcedor gostaria de montar uma equipe mais forte, mas temos o pé no chão. Precisamos de um clube forte, para que o time forte seja consequência.
Julinho Camargo
— É muito trabalhador. Passa 24 horas por dia nesse clube. O trabalho dele é muito bom. A parte técnica e tática é muito boa. Entendo que é um treinador que precisa de um pouco de tempo para que os resultados aconteçam. Ninguém está contente com nosso recorte de primeiro turno. Nem Julinho e nem a direção. Esperávamos um pouco mais, pelo menos estar mais próximos do G-4. Entendemos que é um trabalho que tende a atender nossas expectativas. O Juventude sofreu com a perda de quatro atletas do setor ofensivo (Elias, Caio Rangel, Yuri Mamute e Fellipe Mateus). Isso também contribuiu para que tivéssemos alguns insucessos, principalmente nos jogos em casa.
Returno
— Não podemos repetir o que aconteceu no ano passado, senão corremos riscos (o Ju fez apenas 20 pontos em 19 jogos). Entendemos que em 2017 tivemos muito desgaste. Fazia tempo que o Juventude não jogava um campeonato tão longo, com 38 rodadas. As séries C e D eram bem mais curtas. Esperamos que a estratégia de ter um grupo mais homogêneo apareça ainda mais no segundo turno e que não se permita ter essa queda que aconteceu em 2017.
Reforços
— Temos uma expectativa boa de que nossos “reforços” sejam esses quatro jogadores que estão vindo agora. O Fellipe Mateus, o Caio Rangel, o Mamute e o Lucas, que dia 18 de agosto já estará liberado da suspensão. Quanto a trazer outros jogadores, não estamos com muita margem financeira, mas estamos sempre de olho no mercado. Se acharmos uma peça com característica que agregue ao nosso grupo, vamos sim, dentro da nossa realidade, fazer um ou dois investimentos.
Perspectiva de futuro
— O torcedor é sempre legítimo quando faz as cobranças. O que dá para colocar é que ele amplie um pouco a sua paciência com a parte de produção de futebol e de resultados dentro de campo. Estamos dentro do processo de reestruturação do clube. Esse processo nos limita no investimento do futebol. Temos que fazer um time competitivo e ao mesmo tempo investir nas estruturas. Que ele compreenda esse movimento, que não aparece nas quatro linhas, mas que temos a convicção de que, quando ele se consolidar, vai trazer o resultado de campo. Que o torcedor tenha um pouco mais de paciência que o normal. Mas entendo a cobrança e, de fato, a campanha em casa é ruim. Talvez não estejamos em uma situação pior pela campanha fora.
Pronto para a Série A
— Quando a gente fala que não está pronto, não quer dizer que não queremos. Mas hoje estamos mais preparados do que no ano passado pelas evoluções estruturais. Mas acredito que o Juventude ainda não está pronto para uma Série A. Pode acontecer dentro de campo de subir e ter que se reestruturar mais rápido, o que é mais fácil na Primeira Divisão com aumento de receita. Mas ainda precisamos melhorar processos internos, em tecnologia, o nosso CT, na parte financeira e administrativa. Equalizamos muita coisa, mas temos que pagar a conta.