Uma história no basquete que vem de berço. Destaque do Caxias do Sul Basquete/Banrisul no NBB 10, o ala Cauê Borges nem lembra a primeira vez que pisou em uma quadra. Ele traz de casa a tradição no esporte. Filho do ex-jogador Chuí – bicampeão sul-americano com a seleção brasileira –, o camisa 4 do time caxiense tem um novo desafio na noite desta quarta-feira. Sob o olhar do pai, Cauê e o Caxias Basquete enfrentam o Vasco, às 20h05min, no Ginásio do Vascão. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
— Ele sempre teve uma cobrança muito grande por ter uma referência do pai dentro do esporte. Agora está maduro e controlando essas expectativas. Nós que somos fãs dele agora — diz Chuí, hoje com 54 anos.
Será o primeiro jogo do Caxias Basquete no ano e, também, a primeira vez que Chuí estará na arquibancada caxiense.
Considerado uma lenda no basquete de Franca, onde foi quatro vezes campeão brasileiro, Chuí se faz presente na história e na formação de Cauê Borges. Até hoje, mesmo a distância, o pai dá conselhos para o filho.
— Nós sempre conversamos depois dos jogos. Quando ele está vendo pela televisão, agora que está mais longe, sempre diz alguma coisa que posso melhorar — revela Cauê, que usa o mesmo número da camisa que o pai vestia.
Como o calendário do NBB vai de meados novembro até a metade do ano seguinte, é comum que os jogadores estejam quadra no período das festas de fim de ano e no verão. Cauê já está acostumado a essa situação, mas comemora os momentos em que pode estar próximo da família:
— Nós nos acostumamos. O pessoal de fora costuma falar que não tem sábado, não tem domingo e nem feriado. Mas isso se sofre mais é no primeiro e segundo ano. Depois se torna normal.
O “falso gaúcho” Chuí crê em chances para Cauê Borges na seleção
Apesar do apelido e de muitas pessoas até hoje acreditarem nisso, Chuí não é gaúcho. Paulista de Araçatuba, Marco Aurélio Santos ganhou o nome que o consagrou basquete após um período no Mato Grosso do Sul.
— Fomos em dois de Campo Grande para Franca na época que tinha o deputado Índio Juruna. Quando chegamos lá, disseram que éramos índios do Mato Grosso. O Miguel virou Xingu, e eu Chuí. O meu apelido pegou e quando subi para o adulto, acabei ficando conhecido assim — lembra o ex-jogador.
A partir de Franca, a carreira de Chuí deslanchou. Foram quatro títulos brasileiros, duas taças Brasil e três campeonatos paulistas. Com a seleção, levou o Sul-Americano em 1989 e 1993.
O pai de Cauê vê chances para o filho em futuras convocações:
— Se pegar o nível de aproveitamento dele é acima da média. É uma questão de espaço dentro da função dele. E continuar isso que está fazendo, por mais um ou dois anos, que ele terá essas chances sim.
Primeira vez realmente longe de casa
Além de Chuí, está em Caxias para acompanhar o jogo de hoje Dodô, mãe de Cauê. Esta é a primeira vez em que o jogador de 26 anos — e que disputa o NBB desde os 16 — fica tão longe de casa.
— Aqui estou bem mais longe do que os times em que já joguei fora de Franca (Liga Sorocabana e Minas). Até mesmo em Belo Horizonte conseguia ir para casa quando tinha uma folguinha. Agora não consigo mais. Mas estou aqui jogando e feliz. Estou fazendo um bom campeonato, o que tira um pouco da pressão da distância da família. Teve a folga no final do ano e deu para ir. Agora eles puderam vir — diz Cauê.
Sob o olhar dos pais, o menino quer fazer bonito de novo.