A Série B acabou para o Juventude. A rodada final, que será complementada sexta e sábado, poderá apenas mudar a posição da equipe na tabela, mas não interfere na divisão de cotas da próxima temporada. Até por isso, o momento é de avaliação da participação alviverde.
Em entrevista ao Pioneiro, o vice de futebol Jones Biglia falou sobre o ano de 2017, as trocas na comissão técnica, comprometimento dos atletas e os fatídicos 45 pontos. Os últimos, segundo Biglia, foram mais mitos do que realidade.
— Abrimos o campeonato com uma premiação por meritocracia definida. O que foi combinado com atletas e comissão técnica no vestiário: fazer o primeiro turno e ao final conversar sobre o que queremos e o que faremos para tentar atingir o objetivo dentro da competição. Para fora, vamos trabalhar com a manutenção e a afirmação. Tudo para não trazer pressão precipitada da torcida e da imprensa — revelou o dirigente.
Agora, o momento é de pensar no time para a temporada de 2018. Alguns atletas já negociam a sua permanência: o goleiro Matheus Cavichioli, o lateral-esquerdo Pará, os volantes Diego Felipe e Bruninho e o meia Bruno Ribeiro. Além disso, o zagueiro Micael e o volante Mateus Santana e o atacante Yuri Mamute estão garantidos. Os demais estão em avaliação pelo departamento de futebol.
Algumas negociações estão encaminhadas: os meias Leandrinho, ex-Fortaleza, e Fellipe Matheus, ex-Boa Esporte, e um lateral que está na disputa da Série B. Os três estão acertados verbalmente.
Por outro lado, alguns já confirmaram suas saídas. O goleiro Oliveira, os laterais Bruno Collaço e Tinga, o zagueiro Domingues, os volantes Wanderson e Fahel, o meia Leílson e os atacante Tiago Marques e Taiberson, que retorna ao Inter.
Confira os principais trechos da conversa com Biglia:
Avaliação
— O Juventude estava desde 2009 longe da Série B e precisávamos nos afirmar. Foi um ano em que precisamos sacrificar o Gauchão para canalizar todos os investimentos e a nossa energia financeira para essa competição. Foi um ano bem trabalhoso. Para voltar a uma competição de 38 jogos, o clube teve que reaprender a fazer toda essa logística.
Avaliamos como positiva a participação, porque o objetivo de nos afirmar na B foi atingido. Talvez a parte ruim está no aspecto de como terminamos ela. São dois extremos: aquela arrancada muito boa não era a nossa realidade, fomos muito melhor que os demais, mas entendo que a nossa realidade também não era essa produção final, muito abaixo.
Acesso
— Nós montamos o grupo e definimos com os atletas a premiação por meritocracia, por ponto conquistado no campeonato. Eu sempre gosto de trabalhar o futebol assim. A pessoa precisa se sentir valorizada e motivada para buscar algo a mais. Teve uma boa arrancada, virou o turno e definimos uma premiação agressiva para o acesso. Era uma premiação milionária.
Definimos que buscaríamos reforços para a equipe, principalmente um meia e um atacante de lado. Fomos para o mercado, com dificuldade, porque os atletas disponíveis eram de um valor muito alto. Tentamos o Roberson, mas o Inter não liberou. Dificultou para ter esse reforço a mais e continuamos com o discurso dos 45 pontos, mas isso era o que falávamos para fora. No vestiário, falamos em acesso sempre após a virada de turno.
Troca no comando
— Quando se fala que o problema é a comissão técnica, você está pressupondo que o grupo tem qualidade para subir tranquilo. Não era a nossa avaliação. Tínhamos a noção de por que estávamos ganhando na arrancada. Sabíamos das questões pontuais e que nos favoreceram, como o Tiago Marques jogando bem acima e a equipe melhor fisicamente que as outras. O próprio Gilmar (Dal Pozzo, ex-treinador), com a experiência em Série B, nos dizia que o segundo turno seria mais equilibrado.
Foram algumas situações que favoreceram trocar naquele momento. A situação do (Antônio Carlos) Zago, que estava no mercado. Um profissional que pode ajudar e tem uma forma diferente de jogar, pensando num projeto de ano que vem, que será mais audacioso. As quatro derrotas seguidas trouxeram uma pressão sobre o Gilmar e um esgotamento sobre o grupo no sentido de motivação e buscar alternativas. Outro fator foi tentar dar uma mexida e, quem sabe, voltar a ter um futebol eficiente.
Uso dos jovens
— Nos precipitamos e queimamos uma etapa no sub-20. O Vinicius (zagueiro), o Raul (goleiro), o Caprini (atacante), o Sananduva (volante) e o Vidal (lateral) teriam mais um ano de sub-20. Entre esses, quem teve mais chances foi o Caprini. O Vidal e o Sananduva, que estariam mais prontos, lesionaram. O Vinícius arrancou bem e lesionou. Tínhamos a ideia de criar um sub-23 ou uma equipe de transição (para 2018), que por questões orçamentárias não será feito. Alguns irão para o profissional e outros serão emprestados. Além disso, temos os times sub-17 e sub-15 muito fortes.
Comprometimento
— O comprometimento é complicado opinar. Na minha avaliação, teve dois jogos de 38 que faltaram entrega: Guarani e Santa Cruz, ambos fora de casa. Não foram as questões táticas ou técnicas, mas de entrega dos jogadores.