Quando esteve em Caxias do Sul recentemente, o guitarrista Alegre Corrêa falou sobre o poder que a música brasileira tem de produzir grandes músicos. Ao ponto de, quando em solo estrangeiro, ser considerado um jazzista mesmo que não o seja de fato, pela riqueza e diversidade de referências que lhe dão uma formação completa. A cantora e violonista Badi Assad, que vem a Caxias neste fim de semana para show e workshop do projeto Tum Tum Instrumental, concorda. Para ela, trata-se de uma característica da nossa miscigenação. Com 25 anos de carreira internacional, ela sabe o que fala:
– Tem uma coisa sui generis que acontece no Brasil. Na Europa, o italiano é italiano, o português é português. Quando você vai para outro país construído por várias outras etnias, como os Estados Unidos ou qualquer outro da América Latina, você encontra um descendente de gregos e ele não vai dizer que é norte-americano. Vai dizer que é grego. No Brasil é diferente. Uma pessoa de feições asiáticas, por exemplo, é brasileira. Nossa miscigenação é diferente do que ocorre no resto do mundo e favorece para que a nossa música seja uma mistura de todos os povos que chegaram aqui. É muito lindo ver esse processo, que é mais rico do que em qualquer outro lugar – considera.
A carreira de Badi Assad é marcada por mutações constantes, tendo como célula básica o virtuosismo ao violão. Começou entre o erudito e o jazz, migrou para a música popular, aliando ao uso do instrumento o canto e os efeitos vocais percussivos, outra marca registrada. Jão são 14 álbuns lançados e honrarias como a citação pela revista Guitar Player (EUA) como uma das melhores violonistas do mundo e o prêmio de melhor compositora da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2012. Após o disco mais recente, Singular, que tem como carro-chefe Vejo Você Aqui, parceria com Zélia Duncan, Badi quer se firmar como artista de música brasileira:
– É esse universo, que é a minha paixão mais recente, que quero conquistar. De me sentir uma artista brasileira dentro do caráter popular. Porque às vezes as pessoas ainda têm uma referência da Badi como violonista que toca música instrumental, e não é isso.
Sobre o workshop, a musicista antecipa que o formato será adaptado ao quórum, dependendo se houver mais instrumentistas ou mais cantores, por exemplo. Por misturar um pouco de tudo que já experimentou na carreira, não por acaso se chama Música da Badi:
– Todas as fases da minha carreira envolveram muita pesquisa e isso me deu um arsenal bastante grande, sempre envolvendo criatividade e um olhar para além do instrumento e da música convencional. Tudo é permitido e instigado a acontecer, sem restrições.
Programe-se
O quê: workshop Música de Badi, com Badi Assad.
Quando: sábado, às 17h.
Onde: sala 212 do Bloco M, no Campus-sede, da UCS.
Quanto: R$ 60.
Carga horária: 3 horas, com certificado.z Consultar sobre disponibilidade de vagas no e-mail badi-caxias@elinka.org ou pelo telefone (54) 99125.4930.