Dieli Schmidt e o marido Mimo Borges comandam a MGA Games, equipe de futsal que é atual bicampeã gaúcha adulta feminina. Em 2017, o time protocolou e teve aprovados três projetos no Fiesporte: o de alto rendimento, justamente para o grupo principal, o de rendimento, para categorias de base e time sub-20 masculino, que também compete no Campeonato Gaúcho, e o educacional, para as escolinhas.
– A gente mantém a base do sub-9 ao sub-20 disputando as competições citadinas e do estadual. O nosso grande sonho no ano é o tricampeonato gaúcho para as meninas. Porém, tudo o que construímos em dois anos pode acabar assim. Sem a verba, estaremos fora do Estadual e, eliminadas, ficamos excluídas do torneio por dois anos – explica Dieli.
Sem a verba do Fiesporte, o time não tem como disputar as competições. Na semana passada, os custos da viagem para Pelotas, na estreia do Estadual, foram bancados por integrantes do clube. Em junho, a equipe disputará contra as Leoas, de Lages, a primeira fase da Copa do Brasil de Futsal, em Santa Catarina. Em outubro, teria a Taça Brasil de Futsal, também longe de casa. Só que, sem recursos, não existe qualquer possibilidade de manutenção dos grupos de base ou adulto.
Jorge Velho calcula prejuízo de R$ 20 mil com evento de luta
Foi realizado no sábado passado, dia 20, um dos principais eventos de lutas na Serra Gaúcha. O JVT Championship, em sua 12ª edição, reuniu lutadores de diversos lugares do país, e como sempre, um grande público foi ao Ginásio do Vascão. A diferença desta para as outras edições foi a incerteza de como o evento será pago.
Contando com o dinheiro vindo do Fiesporte, no qual teve o projeto do evento aprovado, o coordenador da competição, Jorge Velho, estuda as possibilidades de como vai cumprir os acordos com os fornecedores.
– Se não entrar nada até a semana que vem vou ter que fazer um financiamento, pegar um empréstimo. O Fiesporte representa 50% do evento. A outra metade é paga com patrocinadores – diz Jorge Velho.
Participante do Fiesporte desde 2004, Jorge Velho diz que não teve como mudar a data por conta dos contratos assinados com fornecedores e atletas:
– Se cancelasse, ia ficar ruim diante dos fornecedores e profissionais. Se falassem antes “não faz nada que não temos certeza”, não faria. Mas nunca foi dito isso.
Outro projeto de Jorge Velho que foi aprovado é da Associação Caxiense de Artes Marciais. Atletas do kickboxing têm competição em São Paulo em 15 de junho, mas não sabem se terão condições de participar. A disputa na capital paulista é seletiva para o Campeonato Mundial e soma pontos na busca por vagas na Olimpíada da Rússia, em 2020.
Sem verba para viagens, sem competições
Além das equipes de rendimento, as categorias de base e os projetos sociais também estão sendo afetadas. Na Associação de Pais e Amigos do Vôlei (Apaavôlei), são 30 crianças atendidas gratuitamente com verba vinda do Fiesporte. A garantia da realização das aulas gratuitas é somente até o fim deste mês. A partir de junho, caso não haja o repasse da verba, o projeto será cancelado. A Apavôlei ainda atende mais de 100 jovens, em seis categorias, que não tem a garantia de participação no campeonato estadual, que começa em junho.
– Nosso orçamento está totalmente ligado ao Fundo. Nossas viagens são 100% via Fiesporte. Confirmamos a participação em março e temos que dar a certeza até semana que vem – afirma Fernando Lemos, técnico e supervisor do projeto.
Por outro lado, no alto rendimento, o temor é muito parecido. Para o supervisor da Associação Caxiense de Taekwondo (ACTKD), Daniel Brisotto, o argumento de priorizar três áreas principais, dito pelo poder público, é falho.
– O esporte auxilia na educação, na saúde e na segurança pública, que é responsabilidade do Estado e não do município. Esse discurso é fraco, um retrocesso. O esporte de Caxias vai morrer sem o Fiesporte – avalia Brisotto.
Assim como a maioria dos projetos, a viabilidade de sequência do trabalho fica comprometida sem o apoio municipal.
– Somos a única equipe com atletas na seleção brasileira. Estão mudando a regra no meio do jogo – conclui o professor.
Estreantes no Fiesporte também aguardam por soluções rápidas
Nem só aqueles que dependem de aprovação das contas de outros anos estão sem receber a verba. A equipe de ciclismo Esquadra Caxias participa pela primeira vez do Fiesporte e já sente as dificuldades financeiras do atraso. Após a assinatura de contrato e a expectativa de receber a verba, o grupo confeccionou os uniformes e se inscreveu em competições. Os 14 fardamentos custaram R$ 10 mil e tiveram aprovação da Smel.
– Mandamos para a secretaria a camisa e o banner. Eles têm regras para a utilização da marca do Fiesporte. Botamos no meio da camisa. Priorizamos eles, mas eles não nos priorizaram – lamenta Serginho Justen, um dos líderes da equipe.
A Esquadra Caxias participou de três competições até agora e já cancelou ida para Uruguaiana. No fim de semana, está programada viagem para Teutônia. O grupo desistiu do transporte que estava locado e estuda como fará o deslocamento.
– Não tem como ir para todas as competições sem o dinheiro. Muitos fornecedores entenderam no primeiro momento, mas agora estão preocupados – conclui Justen.