Em cinco dias, Nico Rosberg entrou para a história da Fórmula-1 ao se tornar o 33º campeão e, agora, o primeiro a detentor do título a anunciar a sua aposentadoria desde Alain Prost, em 1993.
A decisão do alemão de parar no auge da carreira surpreendeu tanto quanto consolidou sua merecida conquista. Ao abandonar o cockpit após dedicar 25 dos seus 31 anos de vida ao sonho de ser campeão na principal categoria do automobilismo, Rosberg deixou três legados que transcendem o esporte a motor.
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O primeiro é que nada se conquista sem dedicação, mente forte e trabalho duro. Nico estreou em 2006 e estava na Mercedes desde 2010. No time alemão, começou como companheiro de Michael Schumacher. Após a saída do heptacampeão, a equipe fez um carro imbatível, mas Nico perdeu dois títulos seguidos para Lewis Hamilton.
Então, o que fez Rosberg? Refletir e estudar. Dissecou cada detalhe da telemetria. Dedicou-se com coração à árdua tarefa de destronar um dos maiores vencedores da história da F-1. Preparou, também, a mente, para se concentrar mais e errar menos. Mostrou-se forte nas maiores adversidades. E triunfou.
O segundo legado de Rosberg é nos meandros da F-1. O alemão é a prova definitiva de que só é segundo piloto de uma equipe quem se conforma com o posto. Diferentemente de Rubens Barrichello durante a hegemonia vencedora de Schumacher na Ferrari, de 2000 a 2004, e de Mark Webber nos quatro títulos seguidos de Sebastian Vettel pela Red Bull, de 2010 a 2013, Nico não vergou.
O desafio era bater o tricampeão Hamilton, que claramente é mais piloto do que o alemão. Mas se o talento não se compara, o esforço se mede individualmente. Nico não só endureceu a disputa interna como não aceitou ser um mero coadjuvante. Foi premiado com o título que muitos viram como injusto, mas que foi, sim, merecidíssimo.
Por fim, o terceiro legado de Nico é a sua grandeza de saber a hora de parar. Nos últimos 30 anos, só duas vezes um campeão deixou a F-1. Em 1992, Nigel Mansell ganhou o campeonato e migrou para a F-Indy. Mas voltou logo, em 1994 e 1995, para corridas esporádicas. A outra ocasião foi em 1993, quando Prost se aposentou tetracampeão.
Quem tem a coragem de renunciar aos flashes da vitória justamente no momento mais mágico da sua carreira? Na hora em que, enfim, terá o tal "retorno" por tanta persistência e dedicação? Pois, ao deixar a F-1 para curtir a vida e a família, Rosberg mostrou maturidade. E mais: escancarou que o que realmente importa não são as glórias decorrentes da conquista, mas sim a jornada para chegar até ela.