A emoção transmitida por ela a cada palavra dá o real significado do quanto o judô representa para Rosicleia Campos. A técnica da seleção brasileira feminina chegou na tarde de sexta-feira em Caxias do Sul e participou de uma conversa com alunos do projeto Educando Campeões. Na segunda e terça-feira, ela estará no Recreio da Juventude, na comemoração dos 50 anos do departamento da modalidade no clube.
– O judô me deu tudo o que tenho na minha vida. Tanto coisas materiais como meus melhores amigos. Foi uma caminhada difícil, mas é possível. O judô prepara a gente para aprender a cair. É duro, é difícil, mas a gente precisa aprender a sempre levantar – comentou Rosicleia durante o seu depoimento.
Nos pouco mais de 30 minutos em que falou com os jovens em uma sala no Ginásio Vascão, Rosicleia contou um pouco sobre a carreira. De certa forma, a técnica se via em cada criança. Ela iniciou no esporte aos 11 anos, superando dificuldades financeiras, preconceitos e incertezas para se tornar uma das principais atletas do Brasil. Conquistou títulos estaduais, nacionais e sul-americanos, além de ter representado o país nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e Atenas (1996).
– Fico muito feliz em multiplicar a minha vivência e experiência. O mais importante é dizer que não foi fácil, não é fácil e que nunca será fácil, mas que é possível. A gente encontra o tempo inteiro pessoas dizendo o contrário, que é melhor desistir. E o judô traz isso, a persistência, a disciplina. Sou um exemplo e gostaria de fazer isso sempre, de compartilhar o quanto o esporte é maravilhoso – destaca.
Expressiva e carismática, Rosicleia, 47 anos, chorou ao lembrar do seu início no judô e citou a mãe Delza, que a acompanhou na viagem para Caxias do Sul, assim como os filhos. Já ao falar sobre a transição para o cargo de treinadora, ressaltou a importância para os alunos da crença na qualificação, nos estudos e na preparação para superar barreiras. Desde 2005 como técnica da seleção, ela foi fundamental para o judô feminino se tornar referência e superar os homens em conquistas na maioria das competições.
– É acreditar, é o trabalho, o planejamento, o investimento e a estrutura. Não vejo sucesso em nenhuma área sem isso. Conheço essas atletas há muito tempo, então não sou a mesma pessoa com todas. Apesar de ser muito passional, para umas sou mais ou menos. Conversei com cada uma pedindo sobre isso. A gente recebe muitas críticas dentro do próprio judô, até por me chamarem de Tia Rosi e não de Sensei. Isso nunca me incomodou – relembra.