Ela já foi seis vezes campeã mundial, tem no currículo duas Libertadores e três títulos nacionais. Com esse currículo, ainda não conhece? A guria com tantas conquistas é Diana Santos, caxiense de 24 anos, jogadora de futsal do Barateiro, de Santa Catarina, e há cinco anos presença confirmada na seleção brasileira feminina.
Como saiu cedo de Caxias do Sul, a atleta é pouco conhecida na cidade, mas já é uma referência na modalidade, assim como Renatinha, companheira de jogos na adolescência e que se transferiu recentemente para o futsal italiano. Nas curtas férias antes de disputar a Taça Brasil, em dezembro, Diana recebeu o Pioneiro na casa dos avós para falar sobre a carreira, o sucesso em Santa Catarina e os objetivos para os próximos anos.
O interesse pelo esporte iniciou quando era criança, jogando bola na rua ao lado do irmão mais velho, Vinícius. Com 13 anos, a primeira tentativa de se tornar uma atleta foi no futebol de campo, em um dos núcleos do Juventude, que na época tinha a equipe feminina. Foram três meses de treinos até o término do time.Com o mesmo técnico, já no futsal, atuou pelo Independente, que posteriormente firmou parceria com o Colégio Cristóvão de Mendoza. Disputou os Jogos Escolares, além de uma série de torneios. Só que para realizar o sonho de se tornar profissional era necessária uma mudança.
E Diana foi para o Chimarrão, de Estância Velha, aos 15 anos. Por lá, disputou duas edições da Taça Brasil e chamou a atenção do Kindermann, de Caçador-SC, na qual conquistou os primeiros títulos, em 2008 e 2009.
– Era meu sonho ser jogadora de futebol ou futsal. No começo foi bem complicado por conta da saudade da família. Nos primeiros anos era sofrido. Até hoje, minha mãe sempre me acompanha no começo da temporada e no final ela vai me buscar. Agora é mais tranquilo, mas ainda é o mais difícil – relembra Diana.
A mudança para Brusque, em 2010, fez a jogadora, que atua como fixa, atingir um novo status. Em uma das principais equipes do país, o Barateiro, Diana chegou à seleção brasileira e passou a ser vista como um talento a ser lapidado. Acumulou conquistas no clube e com a camisa da seleção. Foram quatro títulos mundial na seleção principal e mais dois com a equipe universitária.
– Desde 2012 sou convocada para a seleção principal e nos últimos anos também para a universitária. O mais legal é ter a oportunidade de conhecer lugares como a Costa Rica, Espanha, Portugal ou o Chile, que fomos com o clube, na Libertadores. Se parar e pensar, parece que não é verdade. O começo é tão difícil, assistia as meninas pela televisão e sempre quis chegar no lugar delas e ser reconhecida – relembra.
O reconhecimento dentro da modalidade é natural, mas falta muito para o futsal feminino. Sem os mesmos patrocinadores do masculino ou visibilidade na imprensa, resta trabalhar por conta própria para alcançar o sucesso almejado.
– Hoje, toda nossa equipe vive exclusivamente do futsal. Treinamos dois turnos por dia e estudamos de noite, com bolsas de estudo em parceria com a faculdade. Futuramente espero jogar no exterior, até pela experiência e pela questão financeira. E, logicamente, continuar na seleção por muitos anos – projeta.
Apoio decisivo para não desistir
Se não fosse a mãe Adriana e os avós Jorge e Zilma, dificilmente Diana teria conseguido seguir no caminho do futsal. A família foi, mesmo com todas as dificuldades naturais do início de carreira, a grande incentivadora para que a caxiense se tornasse profissional. E não foi fácil.
Seu Jorge lembra com lágrimas nos olhos dos almoços feitos por ele para arrecadar fundos para o time da neta. Depois, de acordar cedo para levá-la para os jogos e viagens ou de organizar o quadro onde coloca todas as medalhas conquistas pela jogadora.
Já Adriana lembra da tristeza que sentia ao ver a filha embarcar para Santa Catarina ainda muito jovem e a celebração por vê-la realizar o sonho de chegar à seleção brasileira e voltar para casa com medalhas no peito.
– Quando a minha mãe não podia ir, meus avós sempre me levavam para qualquer lugar. E isso me ajudou muito para não desistir. Eu era bem nova e tinha toda a preocupação por sair de casa. Eles foram fundamentais para que eu chegasse onde estou hoje – resume Diana.