O diagnóstico de que teria faltado um comportamento mais agressivo à seleção de vôlei masculino nas duas derrotas para Estados Unidos e Itália parece ter mexido com o time em quadra. Com sangue nos olhos e uma atitude que contagiou as arquibancadas do Maracanãzinho, o Brasil passou pela França por 3 sets a 1 em um jogo que, em caso de derrota, causaria o adeus à Olimpíada já na primeira fase do torneio. Agora, o adversário nas quartas de final será a Argentina, que terminou na liderança de seu grupo.
Talvez a opção de Bernardinho de iniciar o jogo com o sanguíneo Lipe tivesse a ver com a apatia de seu time nas atuações anteriores – ainda que o ponteiro seja importante na precisão do passe. Antes da partida, já se via que os jogadores entenderam a urgência da vitória. Expressões fechadas indicavam o nível de concentração dos brasileiros, e um demorado abraço de Sérgio em Bruninho antes de a bola subir simbolizava a importância de um confronto que se tornou eliminatório a partir da derrota da Itália para o Canadá – resultado que definiu a classificação canadense e deixou apenas uma vaga disponível para Brasil ou França.
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Mesmo com o apetite mostrado já no pré-jogo, o primeiro set começou com a França abrindo 3 a 0. Aos poucos, o Brasil se firmou e foi reduzindo a vantagem até virar do meio para o fim da parcial. Com a vantagem, os brasileiros fecharam em 25 a 22. No segundo set, os franceses mais uma vez pularam na frente, mas dessa vez se seguraram a frente. A vontade brasileira transformou-se em irritação. Incomodado com algo que aconteceu em quadra, Lucão, quando sentou no banco, esbravejou. Bernardinho chegou a conversar com o central para tentar acalmá-lo, sem sucesso. Logo depois, ele jogou com força uma garrafa d'água no chão. Sem errar, a França devolveu o placar do primeiro set: 25 a 22.
Para voltar a ter vantagem no placar, a seleção contou com ajuda até do ouro de Thiago Braz. O jogo estava equilibrado quando irrompeu uma vibração na arquibancada. Espalhou-se a notícia do título do brasileiro no salto com vara. Coincidência ou não, foi o momento em que a equipe abriu diferença confortável. Perto do fim do set, o sistema de alto-falantes do ginásio anunciou o feito do atletismo, e a torcida veio abaixo. O último ponto da parcial foi simbólico da atitude da equipe. A recepção ficou espetada na rede e Bruninho empurrou, na marra, a bola em cima do adversário para fechar em 25 a 20.
A França comandou o placar durante o quarto set, mas o Brasil encostou no final. Dois desafios a marcações da arbitragem, um de cada lado, mostraram pontos brasileiros e o time finalmente empatou em 23. Depois, teve forças para fechar o jogo em 25 a 23 e levar à loucura o torcedor que, eufórico, gritou que o "campeão voltou".
Aqui no Rio, os flamenguistas costumam avisar os adversários, sobre seu time:
– Não deixa chegar.
O Brasil chegou, e vai em busca de mais um pódio olímpico.
*ZHESPORTES