Foi da quadra de futebol do Parque dos Macaquinhos que Caxias do Sul ganhou seu primeiro atleta profissional de Skate street - modalidade onde os obstáculos remetem às ruas. Parece contraditório, mas foi lá que o garoto Patrick Mazzuchini, hoje com 27 anos, acabou descobrindo seu esporte favorito e que se tornaria a profissão.
- Acompanhava bastante a galera ali no Parque. Aí eu decidi tentar andar de skate. Incomodei um tio meu, até que ele me deu de presente. Aquilo despertou um sentimento bom, algo que eu me senti livre - lembra Mazzuchini.
Das ruas do bairro Rio Branco até as viagens pelo Brasil e pelo Exterior, Mazzuchini está há 14 anos andando de "carrinho", como é chamado o skate pelos atletas. Ele é profissional há três temporadas.
- No início, eu não imaginava que o skate iria me levar tão longe, que seria um trabalho. Eu andava por diversão e as coisas foram acontecendo - relata.
Skate começou por diversão
A introdução ao "carrinho" foi por volta de 2002, então com 13 anos. Mazzuchini e seus amigos do bairro Rio Branco, ao seu jeito, buscaram uma forma de aprender a nova diversão.
- Como éramos novos no esporte, a gente construía obstáculos no bairro. Tínhamos praticamente uma pista montada perto de casa. Foi ali que ganhamos um certo nível de skate - recorda.
A evolução foi constante. Com 16 anos, veio o primeiro patrocínio. O esporte ganhou ares mais sério ao vencer um campeonato na Festa da Uva. De prêmio, uma viagem com uma marca de tênis, que se tornou o patrocinador principal na época.
A visibilidade aumentou, mas para se tornar profissional seria preciso estar nos locais onde o esporte estava mais difundido, como Porto Alegre ou São Paulo. Por outro lado, sair de casa não é um desafio tão fácil para um jovem. Foi então que ele encontrou o meio termo, que persiste até hoje.
- O que eu tentava fazer era ir, ficar um tempo e voltar. Assim foi indo. Até hoje, eu consigo me manter em Caxias do Sul, ir para outros lugares, filmar, fazer fotos, conhecer mais pessoas e voltar - destaca ele.
O passo adiante chegou com o título gaúcho de 2011 e uma viagem de três meses pela Europa, disputando campeonatos em Barcelona (Espanha), Roma (Itália), Amsterdã (Holanda) e Praga (República Checa). Isso trouxe visibilidade que faltava ao caxiense.
Brincadeira virou trabalho
O sonho de se tornar um skatista profissional depende de um fator específico: são as marcas do esporte que definem quem sobe para a categoria Pro. Patrick alcançou este nível em 2014, quando assinou com a Freeday. Além de Pro, ele tem, hoje, um modelo de tênis com o seu nome. Além disso, o patrocinador de trucks (eixo do skate) lançou um modelo com o seu nome. A nova fase inclui mais viagens, gravações de filmes, programas de TV, fotos e campeonatos. Também trouxe o assédio:
- É até engraçado. Às vezes, a gente nem sabe que é um espelho, que é uma inspiração para a molecada. Eles falam bastante comigo nas redes sociais e pessoalmente. Isso me deixa bastante feliz, é o resultado do trabalho, mas que por vezes não se tem uma noção de que está dando certo.
Skate
O 'carrinho' no lugar da bola de futebol
Patrick Mazzuchini é o primeiro atleta caxiense profissional na modalidade street
Cristiano Daros
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