Não é novidade para ninguém que o Brasil é um dos principais exportadores de talentos no futebol. E até poucos anos a Itália era um dos destinos preferenciais desses jogadores. Para alguns atletas que iniciaram a carreira aqui na Serra Gaúcha, foi esse o caminho.
Se 140 anos atrás os italianos chegavam na região querendo desbravar o novo, construir uma nova história junto com suas famílias, na realidade do futebol, o objetivo é fazer a trajetória inversa.
São os casos do ex-atacante Adailton, 38 anos, e do meia Gustavo, 23. Em comum, o início no Juventude e a atuação no Verona.
- Foram 13 anos jogando na Itália e posso avaliar que recebi muito mais que pensava em termos culturais. Imaginava ir para jogar futebol e acabei absorvendo muitas outras coisas - explica Adailton.
As origens italianas na família não facilitaram na adaptação do ex-atacante. Como foi muito jovem para a Europa, teve dificuldades iniciais com o idioma, absorvidas rapidamente pela necessidade de se comunicar. De cara, Adailton chegou a um time repleto de estrelas. Na época, o Parma, patrocinado pela Parmalat, era uma das potências europeias e contava com um time de primeira linha. Uma experiência que ele guardará para sempre.
- Era um time com Buffon, Crespo, Canavarro, Verón, Thuram, Chiesa, todos de seleção. No começo, você fica intimidado, mas tive muita sorte por ver como eles são. Esses caras são os primeiros a ajudar, a receber melhor os jovens. E você entende porque eles chegaram tão longe - diz Adailton.
Gustavo está de férias em Fazenda Souza após disputar a temporada pelo Verona. Não foi a primeira experiência de Campanharo na Itália. Em 2011, ele foi emprestado pelo Juventude para a Fiorentina, onde atuou por um semestre na equipe sub-20. A experiência adquirida na outra passagem ajudou.
- Cheguei em setembro e sabia falar o idioma, pelo menos me comunicar com o básico. A principal diferença é dentro de campo: a intensidade é outra. Os trabalhos táticos e físicos são mais fortes - destaca.
Com a camisa 30 do Verona, Campanharo tinha a companhia de outros brasileiros, como o zagueiro Rafael Marques e o atacante Fernandinho, que retornou recentemente ao Grêmio. Como titular ou entrando na segunda etapa, foram 17 participações na temporada. O meia precisou ganhar massa muscular e compreender os confrontos mais físicos e táticos.
- Ter atuado contra Juventus, Roma e Milan, por exemplo, traz uma bagagem diferente. Jogava contra caras como o Pirlo só no videogame. Agora, até me escalo para jogar aqui em casa - brinca o caxiense.