Em um cenário onde o futebol assume cada vez mais o papel de negócio e os clubes se tornam grandes empresas, tornando-se objeto de interesse de empresários de todo tipo de segmento, percebe-se cada vez mais nítida a lei do "quem pode mais chora menos". Ou seja, clubes amparados por parceiros fortes têm mais chances de serem competitivos.
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Nas quatro divisões do futebol nacional, diversos têm se valido de parceiros que vão além do patrocínio na camisa para alavancar. O Fluminense tem boa parte dos gastos com futebol bancados pela Unimed; o Internacional tem no empresário Delcyr Sonda um investidor importante; o Mogi Mirim tem no presidente Rivaldo, ex-jogador, o homem que pagou as contas para levar o time à Série B; a Tombense, finalista da Série D, tem boa parte de seus jogadores pertencentes ao empresário Eduardo Uram, um dos principais do ramo esportivo no Brasil. Isso só para citar alguns.
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Nos anos anteriores, o Caxias vivia cercado pela incerteza. Com uma grave crise financeira, tinha um CT largado às moscas e os bens patrimoniais ameaçados. Hoje, a situação é diferente. Com uma estrutura sólida e de grande porte, o time grená gasta cerca de 50 mil mensais na manutenção do estádio e do CT Baixada Rubra Vanderlei Bersaghi.
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Em meio ao declínio técnico, Caxias e Juventude fizeram uma série de investidas na busca por empresas que dessem o aporte financeiro necessário para alavancar a retomada do crescimento. Porém, a frustração nas negociações acabou por tornar-se uma triste rotina. Relembre algumas tentativas da dupla na história recente.
Juventude e OAS/Gilmar Veloz
Em 2007, uma tentativa frustrada de parceria milionária com a Red Bull deixou um gosto amargo para o vice-presidente do Juventude Roberto Tonietto. Por isso que, em 2013, quando foi anunciada a parceria do alviverde com o poderoso empresário Gilmar Veloz e o grupo OAS, Tonietto sentiu-se "vingado", no bom sentido. A parceria era a promessa de salários em dia, boas contratações, melhorias de infraestrutura. Contudo, a empresa baiana saiu do negócio e Veloz rumou para a Europa em busca de um novo investidor, que nunca apareceu. A mais recente tentativa de parceria do lado alviverde ruiu antes mesmo de se concretizar.
Juventude e BMG
O ano de 2012 iniciou com otimismo incomum para os lados do Estádio Alfredo Jaconi. Na busca por melhores condições financeiras para tirar o time da Série D, o banco mineiro BMG, que desde 2008 investia com sucesso em diversos clubes da Série A, foi anunciado como parceiro alviverde para a temporada. Em um projeto tido como singular, além do patrocínio de R$ 150 mil mês a empresa participaria da gestão do clube. Alexandre Barroso foi nomeado superintendente de futebol. Contudo, a relação durou apenas um ano. Em 2013, a empresa optou por diminuir radicalmente sua participação no futebol e não renovou contrato com o Juventude.
Caxias e Voges
Em 2007, o empresário Osvaldo Voges, proprietário do Grupo Voges, assinou um contrato de 15 anos de parceria com o Caxias. O apoio seria a tábua de salvação para reerguer o clube. Porém, a falta de resultados expressivos _ o grená chegou a conquistar uma Taça Piratini, mas não conseguiu sair da Série C _ acabou por desgastar a parceria e gerar inclusive revolta dos torcedores contra o grupo gestor. Após injetar cerca de R$ 20 milhões no clube, a ausência de outros grupos interessados em investir, além da estagnação do quadro social, também pesaram para que, em setembro de 2012, Voges anunciasse sua saída do comando do clube e também a retirada do apoio financeiro do grupo que leva seu sobrenome.
Dupla e Caixa Econômica Federal
No primeiro semestre do ano passado, a dupla Ca-Ju flertou com a Caixa econômica Federal para ter o banco como patrocinador master. As negociações giravam em torno de R$ 1 milhão por ano (R$ 600 mil para o Caxias e R$ 400 mil para o Ju, que disputava a Série D) e tinham intermediação do prefeito Alceu Barbosa Velho. Embora houvesse a vontade da estatal, o acordo emperrou na impossibilidade dos clubes apresentarem certidões negativas de suas dívidas, uma exigência da Caixa. Para o futuro, a retomada das tentativas por parte da dupla, que luta para começar a saldar suas dívidas, não está descartada.
O que eles projetam
- Ter o clube reestruturado e com credibilidade facilita bastante a busca por patrocinadores e apoiadores. Mesmo assim, é difícil hoje você conseguir uma empresa que invista R$ 500 mil para estampar a marca na camisa. Então, é mais fácil buscar 10 empresas que lhe ajudem. O momento é de aglutinar pessoas, mostrar o Caxias de outra forma. A chegada do Washington irá nos ajudar. Tem muita gente que quando eu agendo uma entrevista pede para levar ele junto. É uma marca, um ídolo do clube - afirma Nelson Rech Filho, presidente do Caxias
- Tínhamos um projeto piloto de dois anos com o suporte de uma grande empresa, mas que se retirou e agora estamos tentando tocar sozinhos. Conseguir as negativas, equilibras as finanças. Mas é um processo mais difícil e demorado, pois não há mais o suporte de uma grande empresa (no caso, a OAS). É um projeto que continua andando, pode ser que nos próximos dias apareça algo, ou demore mais. O Gilmar Veloz está ajudando bastante. O problema é que este ano, basicamente, o país viveu uma situação muito ruim desde abril. E o futebol não é uma ilha. Junta-se a falta de credibilidade do futebol com a do Brasil como um todo e fica muito difícil atrair dinheiro para cá - afirma Roberto Tonietto, vice-presidente do Juventude