Com dois meses de salários atrasados, como o grupo do Juventude vai enfrentar a reta final da Série C e o jogo decisivo de sábado contra o Guaratinguetá? A pergunta poderia ser feita por qualquer torcedor alviverde, aflito com a repercussão do novo protesto dos atletas devido aos dois meses de salários atrasados.
A resposta para a pergunta acima não veio dos jogadores. O técnico Picoli foi o único a conceder entrevistas na quinta-feira, no segundo dia em que os atletas preferiram manter a lei do silêncio. O treinador foi claro ao destacar os direitos e deveres dos seus comandados.
- Existem maneiras de se fazer as coisas. Uma, de forma silenciosa, para que não se tenha mais problemas. A gente já viveu um tempo atrás, de externar verbalmente e para consertar dá um desgaste muito grande. O cuidado maior do comando técnico é deixar bem claro os direitos e deveres. Para que eles tenham consciência disso e que continuem brigando pelos seus direitos, mas sem deixar os deveres. No futebol, as coisas se distorcem muito rápido. Daqui a pouco se perde lá fora e eles passam a ser os bandidos - afirma o treinador.
Durante a tarde, o time realizou um treinamento tático, com portões fechados, no Estádio Alfredo Jaconi. Sendo assim, não foi possível observar se os atletas treinaram novamente com uniformes ao avesso, como ocorreu na quarta-feira.
O treinador admite que as situações extracampo podem interferir no aspecto psicológico, mas tenta fechar o grupo no objetivo maior do time, o acesso.
- A partir do momento que eles me manifestaram algo, também me dão o direito de falar sobre os deveres. Qual seria esse dever maior? Eles precisam continuar com a postura que tiveram desde a minha chegada. Tivemos momentos de dificuldade e conversa, mas dentro de campo sempre houve muita luta e dedicação. Sabemos que futebol não é só isso. O jogador precisa estar totalmente focado e, por vezes, esse tipo de situação dificulta. Na hora de estar falando sobre o adversário, se fala da conta que tem de pagar, e essa é uma situação real - destaca o treinador.
Em silêncio, os jogadores buscam seus direitos, mantêm o protesto e não devem conceder entrevistas nesta sexta-feira, quando o time viaja para o interior paulista. Antes, a equipe realiza o último treinamento em Caxias do Sul.
- Eu, como técnico, fico no meio do fogo cruzado em busca de equilíbrio. É a minha função. Tenho visto um esforço danado do clube e dito para eles a importância de que as coisas sejam colocadas em ordem o mais rápido possível. Enquanto não se resolver, vamos encontrar essa situação. Desde que seja feito com equilíbrio e bom senso, não teremos grandes problemas - diz Picoli.
Série C
Técnico Picoli avalia problemas extracampo do Juventude e destaca direitos e deveres dos jogadores
Atletas mantêm lei do silêncio e não concederam entrevistas na quinta-feira
Maurício Reolon
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